São Paulo, sexta-feira, 18 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para governo, exportadores já se adaptaram

Ivan Ramalho, secretário do Desenvolvimento, diz que "a maior parte dos setores se adequou ao atual nível" do câmbio

Para a CNI, embora a economia esteja crescendo mais do que o esperado, a expansão é "heterogênea e até desbalanceada"


DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, disse ontem que "a maior parte dos setores exportadores está adaptada e conseguiu se adequar ao atual nível de preço" do dólar, que fechou ontem valendo R$ 1,953.
Segundo ele, um dos indicadores dessa adaptação é o crescimento das vendas externas. Ramalho informou que as exportações brasileiras cresceram 18% nos quatro primeiros meses de 2007 ante igual período do ano passado, acima da meta de 10,8% do ministério.
Representante do ministro Miguel Jorge no Fórum Nacional promovido pelo ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso, Ramalho disse que, até no caso dos setores mais afetados com o câmbio, como o têxtil e o calçadista, o que mais preocupa não são as exportações, mas a competição dos importados.
O secretário-executivo, segundo na hierarquia do ministério, afirmou que essas empresas também registram crescimento nas exportações, apesar de não no mesmo ritmo de outros segmentos industriais.
Ele lembrou que o Brasil é o segundo exportador de calçados do mundo, mas perde em produção para a China. Aqui são produzidos cerca de 800 milhões de pares por ano, e, na China, 10 bilhões anuais.
Daí que a principal preocupação em áreas como a têxtil e a calçadista é a competição dos importados, tanto que o governo elevou recentemente a tarifa de importação desses tipos de produtos para 35%, a fim de protegê-los diante da perda de competitividade com o câmbio.
Para compensar os efeitos do dólar barato, Ramalho disse que o ministro estabeleceu como uma das prioridades aumentar a exportação de produtos industriais. Um dos alvos será o mercado chinês.
A expectativa é que a China, que hoje importa US$ 800 bilhões por ano, passe a fazer compras externas da ordem de US$ 1 trilhão nos próximos três anos. "A China é um mercado que só vai aumentar, e não só para commodities. Temos de ocupar esse espaço, caso contrário outros o farão."
Dentro da estratégia, o ministério organiza missão à China em julho, quando pretende levar um grupo de empresários brasileiros atrás de clientes.
Também ontem, o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), reconheceu que a economia vem crescendo "num ritmo maior que o esperado".
O problema, segundo ele, é que o crescimento está se dando de forma "heterogênea e até desbalanceada". O impacto do câmbio em ramos como os de alimentos, pescados e automóveis foi minimizado porque a indústria substituiu a exportação pelas vendas internas.
(VALDO CRUZ)

Colaborou a Sucursal de Brasília


Texto Anterior: Dólar ficará abaixo de R$ 2 até o final do ano, diz economista
Próximo Texto: Centrais reagem à proposta de desoneração
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.