São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 2002

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O DÓLAR BALANÇA

Câmbio pode reduzir ritmo de crescimento da zona do euro

Europeus se dividem sobre "euro forte"

ALCINO LEITE NETO
DE PARIS

A valorização do euro em relação ao dólar deixou investidores e analistas econômicos europeus divididos entre o otimismo e a desconfiança.
O otimismo se deve ao fato de que, no curto prazo, o euro forte pode implicar na baixa da inflação, reduzindo por exemplo a conta do petróleo (todo ele importado em dólar) e aumentando o poder de compra e de consumo.
A desconfiança nasce do fato de que a escalada do euro não resulta de um crescimento da economia européia, mas apenas de uma desvalorização do dólar.
Se a baixa do dólar oxigena o comércio americano, ela pode no longo prazo asfixiar o europeu, cujos produtos sofrerão uma perda de competitividade no mercado internacional.
Os dois cenários constam do "Special Report", relatório divulgado pelo banco francês CDC Ixis Capital Markets. "Inicialmente, pensamos que vai haver uma redução da inflação, que pode chegar a 2%. A alta do euro também favorece as políticas monetárias dos países, que têm metas orçamentárias muito rígidas fixadas pela União Européia", disse à Folha a economista Laure Maillard, responsável pelo relatório do CDC Ixis.
Maillard, contudo, precisou baixar agora sua previsão de crescimento para a França em 2003, passando o índice de 2,5% para 2,1%. O governo francês espera 3%. "A valorização do euro vai terminar por reduzir o crescimento. A zona do euro está frágil, com taxa de desemprego elevada, um recuo da produtividade nos países e não estamos ainda numa economia muito atrativa", afirma.
Para Maillard, o euro continuará subindo e sua apreciação será "durável". Ela calcula que a moeda atingirá US$ 1,05 em quatro meses e US$ 1,10 em um ano. São valores que não ameaçariam a competitividade dos países europeus. Mais do que isso, seria intolerável, sobretudo para a Alemanha, que é país da zona euro que mais exporta para os EUA.
Segundo o Observatório Francês de Conjunturas Econômicas (OFCE), a valorização do euro significa "inicialmente uma melhoria da balança comercial".
O OFCE prevê, porém, "no horizonte de dois trimestres, uma degradação da balança comercial em volume e em valor por causa da perda de competitividade sobre os mercados interior e exterior".



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