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O DÓLAR BALANÇA
Câmbio pode reduzir ritmo de crescimento da zona do euro
Europeus se dividem sobre "euro forte"
ALCINO LEITE NETO
DE PARIS
A valorização do euro em relação ao dólar deixou investidores e
analistas econômicos europeus
divididos entre o otimismo e a
desconfiança.
O otimismo se deve ao fato de
que, no curto prazo, o euro forte
pode implicar na baixa da inflação, reduzindo por exemplo a
conta do petróleo (todo ele importado em dólar) e aumentando
o poder de compra e de consumo.
A desconfiança nasce do fato de
que a escalada do euro não resulta
de um crescimento da economia
européia, mas apenas de uma
desvalorização do dólar.
Se a baixa do dólar oxigena o comércio americano, ela pode no
longo prazo asfixiar o europeu,
cujos produtos sofrerão uma perda de competitividade no mercado internacional.
Os dois cenários constam do
"Special Report", relatório divulgado pelo banco francês CDC Ixis
Capital Markets. "Inicialmente,
pensamos que vai haver uma redução da inflação, que pode chegar a 2%. A alta do euro também
favorece as políticas monetárias
dos países, que têm metas orçamentárias muito rígidas fixadas
pela União Européia", disse à Folha a economista Laure Maillard,
responsável pelo relatório do
CDC Ixis.
Maillard, contudo, precisou baixar agora sua previsão de crescimento para a França em 2003,
passando o índice de 2,5% para
2,1%. O governo francês espera
3%. "A valorização do euro vai
terminar por reduzir o crescimento. A zona do euro está frágil,
com taxa de desemprego elevada,
um recuo da produtividade nos
países e não estamos ainda numa
economia muito atrativa", afirma.
Para Maillard, o euro continuará subindo e sua apreciação será
"durável". Ela calcula que a moeda atingirá US$ 1,05 em quatro
meses e US$ 1,10 em um ano. São
valores que não ameaçariam a
competitividade dos países europeus. Mais do que isso, seria intolerável, sobretudo para a Alemanha, que é país da zona euro que
mais exporta para os EUA.
Segundo o Observatório Francês de Conjunturas Econômicas
(OFCE), a valorização do euro
significa "inicialmente uma melhoria da balança comercial".
O OFCE prevê, porém, "no horizonte de dois trimestres, uma
degradação da balança comercial
em volume e em valor por causa
da perda de competitividade sobre os mercados interior e exterior".
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