São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 2002

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MERCADO ESTRESSADO

Moeda dos EUA reage mal, sobe 0,87% e vai a R$ 2,897, a maior cotação desde o começo do mês

Decisão do Copom empurra dólar para cima

Marcia Gouthier/Folha Imagem
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse que o acordo com o Fundo dependerá dos candidatos


ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL

O câmbio teve um dia nervoso ontem e foi o único mercado a encerrar em terreno negativo, mesmo com a redução de meio ponto dos juros. O dólar subiu 0,87%, para R$ 2,897, seu maior valor desde 1º de julho.
A pressão no mercado cambial teve dois motivos específicos. Um deles, a perspectiva de uma saída de cerca de US$ 1 bilhão de uma empresa de telecomunicações -segundo alguns operadores, a Portugal Telecom. A empresa estaria comprando a moeda americana desde anteontem e enviando os recursos para o exterior.
Um outro motivo foi o fato de o BC não ter tentado fazer um leilão para a rolagem de títulos cambiais que vencem hoje. Após a confirmação de que não haveria leilão, o dólar, que iniciava o dia com pequena baixa, alcançou alta de 0,9%. Na segunda e na terça-feira, o BC tentou fazer a rolagem ofertando contratos de "swap" cambial (uma espécie de seguro contra a variação cambial). Mas, além de a oferta ter superado a demanda, o mercado pediu taxas altas.
O diretor de política monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo, afirmou ontem que a instituição irá fazer a rolagem de metade dos títulos cambias que vencem hoje. Mas que isso não significa que os títulos cambiais que vencem daqui por diante deixaram de ser rolados integralmente: "Não houve rolagem integral por falta de demanda", disse. Por esse motivo ele avalia que o impacto no mercado cambial seria mínimo.
Para Alexandre Maia, economista-chefe da GAP Asset Management, o fato de a rolagem não ter sido integral cria ansiedade e eleva a procura por dólar.
Um operador demonstra preocupação com esse fato e diz que, até 15 de agosto, há vencimentos de papéis cambiais de cerca de US$ 9 bilhões. Ele avalia que, como não houve tranquilidade para a rolagem cerca de US$ 1 bilhão que vencem hoje, o BC tenha de adotar novas medidas para facilitar a sua atuação.
Logo após a decisão do Copom, o dólar disparou e chegou a bater em R$ 2,921, com alta de 1,7%. A decisão surpreendeu ao mercado, que esperava pela manutenção da taxa. Em princípio, ela não teria agradado por ter sido atribuída ao atual momento político -os juros teriam caído numa tentativa de impulsionar a candidatura de José Serra (PSDB), que não vai bem nas pesquisas eleitorais.
A alta foi contida porque o BC vendeu US$ 50 milhões, como parte da ração diária que voltou a oferecer ao mercado. Antes, o BC já havia realizado um leilão de linha externa em que recomprou e colocou US$ 100 milhões.



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