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Dólar pressiona dívida do governo
FLÁVIA SANCHES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A alta de 12,78% do dólar em junho foi o principal motivo do aumento de 2,25% da dívida mobiliária (em títulos) do governo federal no mês passado em relação
a maio. Com isso, a parcela da dívida corrigida pelo câmbio chegou a 33,15%, a maior desde dezembro de 99.
A dívida pública em maio era de
R$ 639,39 bilhões e passou para
R$ R$ 653,75 bilhões em junho.
Desse total, 33,15% estão atrelados à variação cambial. Em maio,
esse percentual era de 30,29%.
O secretário do Tesouro Nacional, Eduardo Guardia, afirmou
que esse "aumento da exposição
cambial não preocupa o governo
do ponto de vista da sustentabilidade".
"O estoque é afetado pelos movimentos de curto prazo, mas o
efeito de caixa só será sentido à
medida que os títulos estão vencendo", afirmou o secretário.
O chefe do Departamento de
Mercado Aberto do Banco Central, Sérgio Goldenstein, disse que
o aumento da dívida cambial em
junho ocorreu devido à forte desvalorização do real de 12,78% no
mês.
O impacto líquido da alta do dólar no estoque da dívida foi de R$
23,4 bilhões. Para demonstrar que
o aumento da dívida cambial é
puro efeito da depreciação da
moeda, Goldenstein fez uma série
com valores em dólares que descressem de mês a mês.
Segundo ele, a dívida pública
medida em dólares em abril era
US$ 77,3 bilhões. Passou para
US$ 76,8 bilhões em maio e ,em
junho, chegou a US$ 76,2 bilhões.
As operações de troca de LFT
(Letras Financeiras do Tesouro)
de prazo longo por papéis de prazo mais curto foram responsáveis
pela redução do prazo médio do
estoque da dívida mobiliária, que
caiu de 35,12 meses para 32,86
meses.
Isso provocou o crescimento do
volume de vencimentos no prazo
de um ano. De acordo com o relatório, 32,67% do estoque da dívida vence nos próximos 12 meses.
Em maio, o volume de vencimentos no mesmo prazo era de
27,76%.
As operações de troca elevaram
os vencimentos previstos para
2002 em R$ 25,4 bilhões e para
2003 em R$ 10,8 bilhões.
Em junho, os vencimentos de títulos públicos somaram R$ 20,9
bilhões, dos quais foram rolados
R$ 6,4 bilhões com novas emissões, sendo o resgate líquido de
R$ 14,4 bilhões.
De acordo com o Tesouro, se
não houvesse o resgate líquido, o
estoque da dívida teria aumentado, de maio para junho, quase R$
29 bilhões. Foram feitas em junho
12 operações de troca de LFT e
três de troca de NTN-D, totalizando R$ 46,8 bilhões e R$ 6,9 bilhões, respectivamente.
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