São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ALÍVIO

Produção industrial de junho supera a de maio, mas cai sobre junho de 2001 Indústria da

Argentina dá sinais de recuperação

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

Depois de apresentar uma série de indicadores catastróficos nos últimos meses, a economia argentina pode ter finalmente encontrado um piso para a recessão.
O Indec (o IBGE local) divulgou ontem que a indústria cresceu 1,6% em junho na comparação com maio. Esse foi o terceiro mês consecutivo de expansão industrial, algo que não acontecia desde janeiro de 2000.
Na comparação com o ano passado, no entanto, os indicadores permaneceram desesperadores. A indústria caiu 13,2% em junho na comparação com o mesmo mês de 2001. Já no primeiro semestre a queda foi de 17,5%.
O próprio Indec se mostrou cauteloso em relação aos números. "Não podemos assegurar que isso seja um piso porque as expectativas dos industriais não confirmam a tendência", disse o diretor-geral do instituto, Juan Carlos del Bello.
De acordo com estudo da consultoria privada Fiel divulgado ontem, apenas 15% dos empresários argentinos acreditam que a situação econômica vai melhorar nos próximos meses, enquanto 82% não vêem uma reação.
A parte otimista dos empresários está concentrada nos setores exportadores, que foram beneficiados pela desvalorização cambial de 70% do peso. Os fabricantes de carne, azeites e matérias-primas plásticas são os mais otimistas no médio prazo.
No entanto, a recessão na qual o país está mergulhado nos últimos quatro anos reduziu a demanda interna, que ainda não deu sinais de recuperação.
Por isso, os empresários que dependem do mercado local também foram prejudicados pela desvalorização cambial porque terão uma maior dificuldade em honrar dívidas em dólar não vêem motivos para otimismo.

Reservas
O Banco Central anunciou ontem que as reservas internacionais do país, que eram de US$ 14 bilhões no começo do ano, caíram abaixo dos US$ 9 bilhões.
Na segunda-feira, o país pagou ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) uma dívida de US$ 550 milhões, o que derrubou as reservas para US$ 8,958 bilhões. Com isso, o BC terá menos munição para fazer intervenções no mercado de câmbio e conter a alta do dólar nos próximos dias.
Na segunda-feira, o ministro Roberto Lavagna (Economia) prometeu recuperar parte do dinheiro com um empréstimo do próprio BID de quase US$ 300 milhões que será liberado "em seis semanas". Já o Bird anunciou que vai liberar US$ 100 milhões nos próximos dias.



Texto Anterior: EUA em crise: Dow Jones respira e volta a fechar em alta
Próximo Texto: Fracasso de plano estimula boatos sobre ministro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.