São Paulo, quinta-feira, 18 de julho de 2002

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CRISE REAL

Montadora havia dispensado funcionários por carta em função de queda nas vendas; na GM, negociações continuam

Scania decide cancelar 65 demissões no ABC

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Scania, fabricante de caminhões e ônibus em São Bernardo do Campo (ABC paulista), vai cancelar as 65 demissões efetuadas na semana passada e manter o acordo de estabilidade no emprego desses funcionários até novembro. Pelo acordo, eles permanecerão em licença-remunerada.
A decisão foi anunciada ontem após uma reunião com representantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT). Desde fevereiro, 70 operários estavam afastados em licença-remunerada.
A medida faz parte de acordo assinado com trabalhadores no final de 2001 em troca da possibilidade de flexibilizar a jornada de trabalho, em até 36 horas semanais, durante seis meses.
Com a crise do setor automobilístico, a Scania enviou, na semana passada, carta aos trabalhadores, informando que precisava enxugar seu quadro de funcionários -hoje são 2.100.
Cinco trabalhadores aceitaram a proposta da empresa, que ofereceu pagar os salários até novembro ou um plano de demissões voluntárias -com 40% do salário por ano trabalhado e quatro meses de assistência médica.
"A Scania vai cumprir o acordo assinado com o sindicato. Os 65 trabalhadores que não aceitaram a proposta da empresa têm estabilidade até novembro e continuarão em licença-remunerada", disse o presidente interino do sindicato, José Lopez Feijoó.
A montadora informou que assim que terminar a estabilidade pretende negociar a saída dos operários. Até lá, eles podem aderir ao voluntariado.

GM
Representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano (Força Sindical) se reuniram ontem com a direção da GM (General Motors) para discutir alternativas para as 808 demissões que a empresa pretende fazer na fábrica. O motivo é a queda nas vendas internas, e os altos estoques -estima-se 22 mil veículos.
O vice-presidente do sindicato, Agamenon Alves, disse ontem que foram apresentadas à empresa três propostas: banco de horas com redução da jornada em 20% (semana de quatro dias), concessão de folgas para quem tem férias vencidas ou licença-remunerada.
A fábrica de São Caetano pode parar a partir da próxima segunda-feira, caso a empresa não negocie as demissões.
"Mas não está descartada a adoção do sistema de lay-off [trabalhador fica em casa recebendo parte do salário" se for preciso para manter os empregos", afirmou.
A GM não vai comentar o assunto. As negociações devem continuar hoje.
A montadora, segundo o sindicato, deve encerrar o segundo turno, com 1.650 funcionários. A idéia é remanejar 400 para o turno da manhã, manter 450 em atividades essenciais à noite e demitir os demais.
Cerca de 4.500 trabalhadores ligados à produção em São Caetano entram em férias coletivas de 29 de julho a 7 de agosto. Nessa unidade são produzidos o Corsa (antigo), o Astra e o Vectra.
Em São José dos Campos, as coletivas valem para 2.500 empregados, que vão folgar de 29 de julho a 7 ou 9 de agosto, dependendo da linha de produção -Corsa (modelo novo), Zafira e S10.
No interior, os trabalhadores da GM aprovaram ontem, durante uma assembléia, decretar estado de alerta na fábrica e medidas em solidariedade aos funcionários de São Caetano. Se a montadora cortar empregados no ABC paulista, eles podem fazer paralisações parciais.



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