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CRISE REAL
Montadora havia dispensado funcionários por carta em função de queda nas vendas; na GM, negociações continuam
Scania decide cancelar 65 demissões no ABC
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Scania, fabricante de caminhões e ônibus em São Bernardo
do Campo (ABC paulista), vai
cancelar as 65 demissões efetuadas na semana passada e manter o
acordo de estabilidade no emprego desses funcionários até novembro. Pelo acordo, eles permanecerão em licença-remunerada.
A decisão foi anunciada ontem
após uma reunião com representantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT). Desde fevereiro, 70 operários estavam afastados em licença-remunerada.
A medida faz parte de acordo
assinado com trabalhadores no final de 2001 em troca da possibilidade de flexibilizar a jornada de
trabalho, em até 36 horas semanais, durante seis meses.
Com a crise do setor automobilístico, a Scania enviou, na semana passada, carta aos trabalhadores, informando que precisava enxugar seu quadro de funcionários
-hoje são 2.100.
Cinco trabalhadores aceitaram
a proposta da empresa, que ofereceu pagar os salários até novembro ou um plano de demissões
voluntárias -com 40% do salário
por ano trabalhado e quatro meses de assistência médica.
"A Scania vai cumprir o acordo
assinado com o sindicato. Os 65
trabalhadores que não aceitaram
a proposta da empresa têm estabilidade até novembro e continuarão em licença-remunerada",
disse o presidente interino do sindicato, José Lopez Feijoó.
A montadora informou que assim que terminar a estabilidade
pretende negociar a saída dos
operários. Até lá, eles podem aderir ao voluntariado.
GM
Representantes do Sindicato
dos Metalúrgicos de São Caetano
(Força Sindical) se reuniram ontem com a direção da GM (General Motors) para discutir alternativas para as 808 demissões que a
empresa pretende fazer na fábrica. O motivo é a queda nas vendas
internas, e os altos estoques -estima-se 22 mil veículos.
O vice-presidente do sindicato,
Agamenon Alves, disse ontem
que foram apresentadas à empresa três propostas: banco de horas
com redução da jornada em 20%
(semana de quatro dias), concessão de folgas para quem tem férias
vencidas ou licença-remunerada.
A fábrica de São Caetano pode
parar a partir da próxima segunda-feira, caso a empresa não negocie as demissões.
"Mas não está descartada a adoção do sistema de lay-off [trabalhador fica em casa recebendo
parte do salário" se for preciso para manter os empregos", afirmou.
A GM não vai comentar o assunto. As negociações devem
continuar hoje.
A montadora, segundo o sindicato, deve encerrar o segundo turno, com 1.650 funcionários. A
idéia é remanejar 400 para o turno
da manhã, manter 450 em atividades essenciais à noite e demitir
os demais.
Cerca de 4.500 trabalhadores ligados à produção em São Caetano entram em férias coletivas de
29 de julho a 7 de agosto. Nessa
unidade são produzidos o Corsa
(antigo), o Astra e o Vectra.
Em São José dos Campos, as coletivas valem para 2.500 empregados, que vão folgar de 29 de julho
a 7 ou 9 de agosto, dependendo da
linha de produção -Corsa (modelo novo), Zafira e S10.
No interior, os trabalhadores da
GM aprovaram ontem, durante
uma assembléia, decretar estado
de alerta na fábrica e medidas em
solidariedade aos funcionários de
São Caetano. Se a montadora cortar empregados no ABC paulista,
eles podem fazer paralisações parciais.
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