|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUNDOS DE PENSÃO
Governo conta com dinheiro para cumprir meta de superávit
Previ vai pagar R$ 1,7 bi de IR atrasado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco do Brasil resolveu ontem exercer o direito que lhe foi
facultado recentemente e determinou que a Previ (fundo de pensão dos funcionários do BB) pague o Imposto de Renda atrasado
à Receita, estimado em R$ 1,7 bilhão, como queria o governo.
A União conta com esse recurso
para poder cumprir a nova meta
de superávit primário acertada
com o FMI (Fundo Monetário Internacional), elevada de 3,75% do
PIB para 3,88% neste ano.
Em junho, o Ministério da Previdência Social interveio na Previ,
alegando que a fundação teria
descumprido a lei nº 108. A legislação previa que, desde o dia 30 de
maio deste ano, os fundos de pensão patrocinados por estatais deveriam alterar seus estatutos.
Para se enquadrar na lei, a Previ
deveria reduzir a seis os integrantes do conselho deliberativo
(eram sete) e adotar o voto de Minerva para o presidente do conselho, indicado pela patrocinadora.
Durante a intervenção, o governo alterou o estatuto e adotou
exatamente essas medidas.
Antes da intervenção, os participantes do fundo elegiam quatro
conselheiros, e o BB, os outros
três. Apesar de contar com a
maioria dos votos, os eleitos não
podiam tomar decisões unilaterais, pois o antigo estatuto definia
que eram necessários pelo menos
cinco votos para que uma decisão
fosse adotada.
Com a redução de sete para seis
do número de integrantes do conselho deliberativo (três eleitos pelos participantes e três indicados
pelo BB, incluindo o presidente) e
o estabelecimento do voto de Minerva, a decisão final passou a ser
do BB, isto é, do governo.
A disputa judicial dos fundos de
pensão com o governo para não
pagar IR durou anos. No começo
de 2002, decisões do STF criaram
jurisprudência indicando que os
fundos deveriam pagar o imposto. O governo fez então um acordo com os fundos para que pagassem o IR atrasado em parcelas e
recebessem isenções de multas. O
único fundo que não havia aderido ao acordo era a Previ.
No mês passado, a Receita ampliou o prazo para que a Previ
aderisse e pagasse o IR atrasado.
Ontem, os seis membros da diretoria executiva do fundo não
chegaram a um entendimento. Os
eleitos não queriam que o fundo
aderisse ao acordo. Os indicados,
sim. A decisão foi repassada então
para o conselho deliberativo. Valendo-se do voto de Minerva, o
BB decidiu aderir ao acordo e pagar o R$ 1,7 bilhão.
Texto Anterior: Opinião Econômica - Paulo Rabelo de Castro: Eleições 2002: rumo à cidadania plena Próximo Texto: Bancos: Caixa lucra R$ 564 mi no 1º semestre Índice
|