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Crédito externo pára de cair, mas empresas evitam dívida em dólar
ÉRICA FRAGA
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A oferta de financiamento externo para o Brasil continua baixa, mas, de fato, parou de cair, como vem alardeando o governo. Apesar disso, o mercado segue
desacelerado porque não há demanda suficiente das empresas nem para a reduzida quantidade de linhas que foram mantidas.
São três as principais explicações para essa retração das empresas, segundo analistas. Muitos exportadores já fecharam seus contratos mais importantes neste
ano. Os custos dos financiamentos disponíveis estão altos.
Além disso, um contrato de linha de crédito significa endividamento em dólar para as empresas, o que muitas delas estão preferindo evitar por não querer assumir altos riscos agora.
"As empresas capitalizadas estão preferindo fechar suas vendas
externas sem tomar linhas de antecipação de crédito. Dessa forma,
ficam com um ativo em dólar para receber no futuro e evitam endividamento na moeda", diz Alaerte Cafeu, diretor de finanças corporativas do Lloyds TSB.
Segundo Cláudia Hausner, diretora de mercado de capitais do
Banif Primus, o aumento da percepção global de risco no mercado e a pouca probabilidade de rápida recuperação da economia mundial estão contribuindo para
a menor demanda por crédito. As incertezas associadas ao processo
eleitoral brasileiro também têm
levado a esse cenário.
Na opinião de Antonio Assis,
diretor de negócios internacionais do HSBC, as altas taxas praticadas pelo mercado têm feito com
que a demanda pelas linhas disponíveis seja menor que o esperado. "Temos visto que as empresas
não querem fazer ACC [Adiantamento de Contratos de Câmbio,
um dos principais instrumentos
de financiamento à exportação" a
qualquer preço", diz Assis.
Apesar de variar de acordo com
o banco e o cliente, as linhas leiloadas pelo BC têm sido repassadas com uma taxa média entre 6%
e 7% anuais, segundo o mercado.
No começo do ano, antes de o
problema da seca de linhas de crédito se agravar, era possível contratar uma operação destinada à
exportação com uma taxa em torno de 4% anuais.
Segundo Assis, "se houvesse
mais linhas, talvez as empresas estivessem tomando mais recursos,
pois os preços seriam mais competitivos" que os atuais. "Mas o
processo de retomada [das linhas
de crédito" é gradual."
Na semana passada, o presidente do BC, Armínio Fraga, e o ministro Pedro Malan (Fazenda)
participaram de encontros na Europa com representantes de instituições financeiras e empresas
com o intuito de melhorar a situação do crédito destinado ao país.
"Nos últimos dias, sentimos um
movimento diferente no mercado. Houve casos de bancos ligarem para oferecer linhas, o que
não acontecia havia algum tempo", diz o diretor de câmbio da
Novação, Mário Battistel.
A reduzida demanda por linhas
de crédito é também explicada
pelo menor apetite especulativo.
Segundo analistas, investidores
que utilizavam essas operações
para especular com as oscilações
do dólar também estão preferindo reduzir sua exposição a risco.
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