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FMI prevê arrocho fiscal se custo da dívida não baixar após eleições
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
O Brasil terá que fazer um aperto fiscal adicional se o custo da dívida do país não cair naturalmente depois das eleições. O alerta foi
feito ontem pela economista Anne Krueger, vice-diretora-gerente
do FMI (Fundo Monetário Internacional).
"Se as atuais altas de juro (sobre
a dívida) prevalecerem, terá de
haver um aperto adicional", disse
ela. "Mas achamos que os mercados reagiram não aos fundamentos macroeconômicos, mas às incertezas eleitorais. Tão logo isso
se resolva, veremos uma retomada de taxas mais normais."
Apesar de reconhecer que o custo da dívida continua alto, Krueger disse que o pacote de US$ 30,4
bilhões para o Brasil, anunciado
pelo Fundo em agosto, impactou
positivamente os mercados.
Segundo ela, as taxas cobradas
nos títulos do governo, que chegara a 2.300 pontos acima da Libor (taxa básica inglesa), caiu para 1.700 pontos e o real estabilizou-se num patamar de R$ 3,10 a R$ 3,15 por dólar, abaixo dos R$
3,47 verificado no final de julho.
A diretora do Fundo disse confiar que, seja qual for o resultado
das eleições, o novo presidente
brasileiro irá manter os termos do
acordo. "O objetivo do programa
é permitir ao Brasil atravessar este
período difícil de incerteza. O
programa está baseado no fato de
que as políticas macroeconômicas do Brasil são sensatas e que o
futuro presidente desejará mantê-lo", afirmou. "Se o eleito não quiser continuar com as políticas, o
que nós consideramos improvável, ele vai nos mostrar isto no início do jogo, e o empréstimo não
terá o menor significado."
Krueger informou que o valor
dos recursos do FMI disponíveis
para novos empréstimos sofreu
uma queda em decorrência do
aumento no número de pacotes
de ajuda a países como o Brasil e
Turquia. Mas afirmou que o patamar atual ainda é "seguro". Entre
abril de 2001 e setembro de 2002,
o caixa do Fundo para novos financiamentos caiu de US$ 103 bilhões para US$ 68 bilhões.
"Os ataques terroristas impactaram a economia global num
momento em que ela já estava se
desacelerando", disse ela. "Isso
aumentou a demanda por empréstimos do FMI".
Sem mencionar números,
Krueger disse que o Fundo irá
anunciar, nos próximos dias, uma
previsão de expansão para a economia global "num ritmo abaixo
do estimado" anteriormente. Ela
não quis prever o impacto de uma
possível invasão militar do Iraque
sobre a economia mundial ou sobre a economia do país. Mas disse
que uma "solução construtiva"
seria mais benéfica para o ambiente econômico.
Krueger disse que a Argentina
enfrentaria "penalidades" caso
suspenda o pagamento das dívidas com os organismos financeiros internacionais.
"As autoridades argentinas são
conscientes das penalidades que
teriam caso se isolem da comunidade financeira internacional",
disse Krueger em Washington.
Segundo ela, o FMI busca fechar
um acordo transitório com o país
que inclua a rolagem das dívidas
que vencem até o final de 2003 e
somam cerca de US$ 15 bilhões.
Colaborou João Sandrini, de Buenos Aires
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