São Paulo, sábado, 18 de setembro de 2004

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TRABALHO

Setores reúnem 40 mil pessoas; bancários decidem manter paralisação

Metalúrgicos do ABC entram em greve a partir de segunda

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os metalúrgicos do ABC que trabalham em empresas do grupo 9 (máquinas e aparelhos elétricos), 10 (lâmpadas e artefatos de ferro) e nas indústrias de fundição entram em greve na segunda-feira. Esses setores, juntos, reúnem cerca de 40 mil trabalhadores.
A decisão foi tomada em assembléia realizada ontem à noite em São Bernardo do Campo, com a presença de cerca de 1.500 empregados, segundo informou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
A categoria quer reposição integral da inflação, aumento real de 4% nos salários, controle das horas extras efetuadas e o direito de o sindicato fiscalizar as empresas terceirizadas. A greve será realizada em setores que não negociaram com a categoria. As montadoras e as fábricas de autopeças, que reúnem juntas 65 mil trabalhadores, fecharam acordos garantindo reajuste de 10% -o que inclui aumento real de 4%.
"Teimaram em não apresentar proposta, portanto, não resta outra alternativa. Nas fábricas onde não há acordo haverá greve a partir de segunda", disse José Lopez Feijóo, presidente do sindicato.
Nesta semana, os metalúrgicos já fizeram paralisações parciais em empresas desses segmentos.
Os químicos do ABC também fazem protestos nas fábricas da região na segunda-feira. Eles pedem 17,26% de reajuste.
Já a greve dos bancários atingiu 200 mil trabalhadores -metade da categoria- em 18 capitais e pelo menos 31 cidades do país, segundo informou a CNB-CUT (Confederação Nacional dos Bancários). Os bancos negam a adesão e informam que a paralisação, iniciada há três dias, atinge no máximo cerca de 5% do total de pontos de atendimento -35 mil.
Os bancários pediram oficialmente à Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) a reabertura das negociações.
Em São Paulo, cerca de 4.000 funcionários de bancos públicos e privados fizeram passeata ontem, à tarde, da avenida Paulista à Câmara de São Paulo. Em assembléia, decidiram manter a greve.
No Rio também houve uma passeata, que saiu da av. Presidente Vargas em direção à Cinelância (centro), com cerca de 2.000 manifestantes. A categoria quer 25% de reajuste, além de lucros, e recusou a proposta negociada com os bancos -previa reajuste de 8,5% a 12,77%, o que inclui ganho real de 1,74% a 5,75%.
A CNB estima que a paralisação tenha a adesão de 90% dos 85 mil empregados do Banco do Brasil, 70% dos 55 mil empregados da Caixa Econômica Federal e cerca de 85 mil de bancos privados.
A greve completou três dias nos Estados de São Paulo, Rio e Santa Catarina e ontem se estendeu a Bahia, Acre, Pará, Amapá, Maranhão, Paraíba e Minas Gerais.
Em Presidente Prudente, cerca de 50 pessoas ligadas ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) acamparam ontem nas agências do Bradesco e do BCN em solidariedade aos bancários.


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