São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 2006

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Patrimônio de fundos de previdência supera o de ações

Para analistas, um dos motivos é maior preocupação com poupança de longo prazo

Diferença pró-previdência privada supera R$ 6 bilhões; no começo do ano, fundos de ações tinham vantagem superior a R$ 5 bilhões

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os fundos de previdência privada seguem atraindo forte volume de recursos a cada mês e seu patrimônio já supera o dos fundos de ações. Levantamento da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) mostra que os fundos de previdência registravam patrimônio líquido de R$ 66,31 bilhões no último dia 11, contra R$ 59,98 bilhões dos de ações.
Em janeiro deste ano, os números eram R$ 57,29 bilhões para as ações e R$ 52,14 bilhões para os fundos de previdência.
Para profissionais do setor, o movimento é explicado pela estabilidade econômica e pela maior preocupação das pessoas com poupança de longo prazo.
"Há um movimento de maior atenção das pessoas em relação ao futuro", disse Marco Antônio Rossi, diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência. "Há um espaço muito grande para esse segmento crescer." Segundo ele, a Bradesco conta com 2 milhões de clientes com planos de previdência.
Os números da Anbid mostram que os fundos de previdência registram neste ano captação líquida -a diferença entre o aplicado e o resgatado- de R$ 9,95 bilhões. Essa cifra perde só para o resultado da renda fixa (captação de R$ 10,61 bilhões no ano) e dos multimercados (com captação de R$ 21,32 bilhões). Mas esses segmentos são bem maiores que o de previdência.
"A expansão do mercado de previdência está ligada à estabilidade econômica, que faz com que o cidadão confie mais nos investimentos de longo prazo", afirmou Osvaldo do Nascimento, presidente da Anapp (Associação Nacional da Previdência Privada) e diretor-executivo do Itaú Vida e Previdência. "O mercado de previdência deve crescer entre 30% e 35% neste ano."
As dificuldades enfrentadas pelo sistema de previdência social brasileiro também pesam na decisão de buscar um investimento que possa representar uma renda extra na hora da aposentadoria. "Acho que o mercado tem muito para crescer ainda. Hoje a previdência ainda está perdendo para o consumo imediato. A busca pela satisfação no presente muitas vezes acaba por superar o prazer no futuro", afirma Marcelo Teixeira, diretor-superintendente do HSBC Seguros.
O VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) tem tido importante peso para a expansão do mercado de previdência privada. Ao lado do PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), ele é a principal opção para o investidor pessoa física entrar na previdência privada.
Dados da Anapp mostram que o VGBL respondeu por 63% da captação do mercado no primeiro semestre.
Analistas afirmam que muita gente tem aplicado em um VGBL sem estar pensando na aposentadoria, mas apenas em uma forma de investir.
Os fundos de previdência não têm todos a mesma rentabilidade. O investidor deve estar atento ao perfil da aplicação.
O maior volume desses fundos está atrelado a aplicações de renda fixa -são lastreados a títulos que rendem taxas de juros. Assim, representam riscos muito menores, mas têm menos chances de darem retornos muito acima da média.
Porém há parcelas dessas aplicações -variáveis de instituição a instituição- que podem ser investidas em ações ou outros instrumentos de renda variável, que dão oportunidades maiores de retornos mais expressivos, mas carregam riscos bem mais elevados.
Portanto, os potenciais aplicadores da previdência privada devem estar atentos ao que oferece o produto da instituição financeira que procurarem.
Normalmente é cobrada uma taxa de administração, que pode chegar a 5%. Além disso, há a alíquota do Imposto de Renda. Pela tabela regressiva criada pelo governo, quem mantiver por mais tempo os recursos aplicados paga menos IR.
O investidor que mantiver os recursos em um plano de previdência privada por dois anos ou menos pagará alíquota de IR de 35%. Para quem tiver mais paciência (ou tiver montado um plano de previdência pensando na aposentadoria), a vantagem é maior. A alíquota de IR para quem não mexer nos recursos por 10 anos ou mais é de 10%.


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