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Mantega prioriza a reforma tributária
Ministro diz que ela terá "prioridade máxima" num segundo mandato de Lula e que compensará custo do real forte
Segundo ele, reeleição do presidente no primeiro turno dará "capital político" para a aprovação de mudanças no Congresso
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A CINGAPURA
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) manteve ontem a
previsão de que o Brasil crescerá 4% neste ano e afirmou que a
"prioridade máxima" de um
eventual segundo governo Lula
será a reforma tributária.
"Existe uma grande pauta
tributária para o próximo governo. Assim que o Congresso
voltar a funcionar [após as eleições], vou comandar pessoalmente essa questão. É uma
prioridade que temos", disse
ele no encontro do FMI em
Cingapura.
Segundo ele, se eleito no primeiro turno, o governo terá um
"grande capital político" para
"mobilizar o país" em torno do
projeto. "As classes produtoras
vão apoiar. Haverá uma nova
leva de parlamentares dispostos a melhorar a imagem do
Congresso e isso vai ajudar."
Mantega colocou como opções a criação de um projeto
que institua o IVA (Imposto
sob Valor Agregado) nacional,
recolhido pela União e repassado aos Estados, ou o aperfeiçoamento da proposta atual de
homogeneização do ICMS, que
hoje tem várias alíquotas diferentes no país por causa da
guerra tributária dos Estados.
"Nos últimos anos, o Brasil
foi criando tributos que eram
mais facilmente arrecadados. A
idéia é mudar a filosofia, dando
mais qualidade à arrecadação e
desonerando o setor produtivo." Mantega disse que nos primeiros anos do governo Lula o
Brasil se beneficiou de um momento de "câmbio favorável",
quando o real estava desvalorizado, o que levou o país a superávits comerciais maiores e ao
equilíbrio nas contas externas.
"Agora, não podemos mais
contar com o câmbio, e o Brasil
não vai fazer artificialismo nessa área. Temos de compensar a
perda da vantagem cambial
com a redução do custo tributário", disse o ministro.
Mantega rebateu críticas feitas por alguns membros do
FMI a respeito do aumento dos
gastos do governo e afirmou
que a previsão de 4% de crescimento neste ano está mantida
-o Fundo prevê 3,6%. Segundo
o FMI, o Brasil estaria aumentado os gastos públicos não necessariamente dirigidos à infra-estrutura e áreas sociais.
"Contesto essa visão. O FMI
está equivocado. Os superávits
primários [para pagar juros da
dívida] estão sendo feitos e aumentamos os gastos sociais, ou
com os programas que temos
ou pelo salário mínimo, com
seus impactos via Previdência."
Mantega reconheceu, porém,
que os investimentos públicos
e privados, hoje em torno de
20% do PIB é baixo no Brasil e
que isso segura o crescimento.
"Não é tão exuberante quanto gostaríamos. Mas estamos
criando instrumentos para que
isso acelere acima de 20%."
Ele afirmou que o recente pacote para o setor da construção
civil tem esse objetivo. Na chamada FBCF (Formação Bruta
de Capital Fixo -ou investimentos), o setor da construção
civil responde por quase 60%.
O ministro afirmou ainda
que, com a inflação sob controle, o Banco Central deve continuar reduzindo os juros.
Existe uma
grande pauta tributária
para o próximo
governo. Assim que o
Congresso voltar a
funcionar [após as
eleições], vou
comandar
pessoalmente essa
questão. É uma
prioridade que temos
GUIDO MANTEGA Ministro da Fazenda
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