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Após derrota em processo de reforma, ministro brasileiro ataca e ironiza o FMI
DO ENVIADO ESPECIAL
Com piadas e trocadilhos, o
ministro Guido Mantega (Fazenda) reclamou ontem da derrota sofrida por Brasil, Argentina, Índia e Egito no processo de
reforma para aumentar a participação de emergentes no FMI.
"As coisas andam muito devagar no FMI. Foram anos trabalhando e, no final, a montanha acabou parindo um rato",
disse. Rato é o sobrenome do
diretor-gerente do FMI, o espanhol Rodrigo de Rato.
Logo depois, Mantega contou uma piada que diz ter "ouvido" sobre a sigla IMF (FMI
em inglês). "Estão dizendo que
isso vai acabar significando "I'm
finished" (eu estou acabado)."
Fazendo questão de mostrar
a ilustração de capa da revista
"The Economist" desta semana
(a figura de uma ave representando os emergentes nascendo
de um mundo em forma de ovo,
para espanto de EUA e Europa), Mantega disse que o FMI
"está com dificuldades para se
adaptar aos novos tempos".
Com uma votação que termina oficialmente amanhã, os 184
países-membros do FMI devem dar o pontapé inicial em
um processo de reforma que
beneficiará imediatamente
China, México, Turquia e Coréia, que têm 5,33% do poder de
voto e devem passar a ter 7%.
O Brasil não discorda disso,
mas gostaria que o novo mecanismo de cálculo das cotas do
FMI, que ficará para uma segunda fase, usasse o chamado
PIB per capita PPC (Paridade
de Poder de Compra) como critério. O PPC leva em conta o
poder aquisitivo dos habitantes
de cada país em relação à sua
própria moeda. Por esse critério, o PIB do Brasil poderia dobrar em relação aos atuais cerca de US$ 800 bilhões.
Como o Fundo não deu indicações de que o critério será
adotado, Brasil e outros países
resolveram votar contra. Mas é
quase certo que o FMI terá os
85% mínimos necessários para
levar o processo adiante.
Em seu discurso ontem na
reunião geral do FMI, Mantega
disse que o Brasil ficou "extremamente desapontado e frustrado a ponto de não poder endossar" o processo. Mas que o
país poderá apoiá-lo depois se
aprovar a fórmula de cálculo.
Mantega disse ainda que os
ministros de Brasil, China, Índia e África do Sul se reuniram
ontem em Cingapura e avançaram na idéia de eventualmente
criar um G4, que pudesse se
reunir formalmente a cada seis
meses.
(FCZ)
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