São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 2006

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Após derrota em processo de reforma, ministro brasileiro ataca e ironiza o FMI

DO ENVIADO ESPECIAL

Com piadas e trocadilhos, o ministro Guido Mantega (Fazenda) reclamou ontem da derrota sofrida por Brasil, Argentina, Índia e Egito no processo de reforma para aumentar a participação de emergentes no FMI.
"As coisas andam muito devagar no FMI. Foram anos trabalhando e, no final, a montanha acabou parindo um rato", disse. Rato é o sobrenome do diretor-gerente do FMI, o espanhol Rodrigo de Rato.
Logo depois, Mantega contou uma piada que diz ter "ouvido" sobre a sigla IMF (FMI em inglês). "Estão dizendo que isso vai acabar significando "I'm finished" (eu estou acabado)."
Fazendo questão de mostrar a ilustração de capa da revista "The Economist" desta semana (a figura de uma ave representando os emergentes nascendo de um mundo em forma de ovo, para espanto de EUA e Europa), Mantega disse que o FMI "está com dificuldades para se adaptar aos novos tempos".
Com uma votação que termina oficialmente amanhã, os 184 países-membros do FMI devem dar o pontapé inicial em um processo de reforma que beneficiará imediatamente China, México, Turquia e Coréia, que têm 5,33% do poder de voto e devem passar a ter 7%.
O Brasil não discorda disso, mas gostaria que o novo mecanismo de cálculo das cotas do FMI, que ficará para uma segunda fase, usasse o chamado PIB per capita PPC (Paridade de Poder de Compra) como critério. O PPC leva em conta o poder aquisitivo dos habitantes de cada país em relação à sua própria moeda. Por esse critério, o PIB do Brasil poderia dobrar em relação aos atuais cerca de US$ 800 bilhões.
Como o Fundo não deu indicações de que o critério será adotado, Brasil e outros países resolveram votar contra. Mas é quase certo que o FMI terá os 85% mínimos necessários para levar o processo adiante.
Em seu discurso ontem na reunião geral do FMI, Mantega disse que o Brasil ficou "extremamente desapontado e frustrado a ponto de não poder endossar" o processo. Mas que o país poderá apoiá-lo depois se aprovar a fórmula de cálculo.
Mantega disse ainda que os ministros de Brasil, China, Índia e África do Sul se reuniram ontem em Cingapura e avançaram na idéia de eventualmente criar um G4, que pudesse se reunir formalmente a cada seis meses. (FCZ)


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