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CORREÇÃO CAMBIAL
Débito se refere a títulos que vencem nos próximos dois meses
Governo descarta renovar dívida
JULIANNA SOFIA
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo não deverá renovar
cerca de US$ 2,150 bilhões em títulos com correção cambial que
vencem nos próximos dois meses,
disse à Folha o secretário-adjunto
do Tesouro Nacional, Rubens
Sardenberg.
"Não digo que a gente não vai
colocar [novos títulos no lugar],
mas é improvável que isso aconteça. Não faz sentido colocar esses
papéis se tenho instrumentos
bem melhores, que são mais baratos", disse.
Os instrumentos a que ele se refere são títulos corrigidos por outros indexadores, como as LFT's
(acompanham os juros de mercado) e os papéis que seguem a variação do IGP-M (Índice Geral de
Preços do Mercado).
Além disso, ressaltou ele, o Banco Central continuará a usar,
quando julgar necessário, os
"swaps" cambiais -operações
feitas no mercado futuro que garantem ao investidor correção pela variação da moeda americana.
Nos últimos meses, o Banco Central tem empregado esse instrumento para renovar os títulos
cambiais.
Segundo Sardenberg, o custo
para o governo dos papéis atrelados ao IGP-M (o rendimento ao
investidor) tem sido de cerca de
9,5% ao ano, mais a variação da
inflação.
"Swap"
Em alguns leilões de "swap"
cambial, o BC chegou a pagar ao
investidor até 40% de juros, fora a
correção cambial. "O Banco Central tem outras implicações, de
política monetária e cambial e de
prover "hedge" [proteção contra
oscilação do câmbio]. Do nosso
ponto de vista, devido ao prêmio
embutido [taxa de juros paga ao
investidor], não tem sentido colocar um papel atrelado ao câmbio", disse.
Segundo Sardenberg, o Tesouro
só deve renovar menos de 50% do
total da dívida que vence neste
mês, em torno de R$ 28 bilhões.
Isto é, cerca de R$ 14 bilhões em
dinheiro voltariam para as mãos
dos investidores, valor que poderia ser aplicado, por exemplo, em
dólar, o que traria maior pressão
sobre o câmbio.
Mas, dadas as circunstâncias do
mercado, Sardenberg avalia que
esse percentual de renovação é
"expressivo". O total de vencimentos para novembro e dezembro é de R$ 53,1 bilhões.
Colchão para 2003
O secretário-adjunto informou
também que o Tesouro vai deixar
em caixa pelo menos R$ 26 bilhões para que o próximo governo possa ter folga para pagar a dívida que vence no primeiro trimestre de 2003. Os vencimentos
nos três primeiros meses do ano
que vem somam R$ 27,9 bilhões.
Para ele, esse dinheiro é suficiente para que o próximo governo tenha alguma tranquilidade
para administrar a dívida. Ele avalia que, independentemente de
quem vencer as eleições, o próximo governo continuará a captar
recursos no mercado com emissões de papéis.
"Eu acho que três meses é mais
do que razoável. Nós montamos
esse colchão pensando nisso, em
deixar margem de manobra para
que o próximo governo não tenha
que ir ao mercado toda semana
rolar dívida."
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