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Em tempos de crise, grandes marcas perdem participação no mercado
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Crises de demanda põem em jogo a força de empresas líderes. No
atual cenário de retração, parte
das grandes marcas já foi "reprovada". Dados da Latin Panel, grupo que controla o Ibope, mostram
que as chamadas marcas "premium", mais caras e no topo do
ranking setorial, passaram de
uma participação nas vendas (em
valor) de 32% no primeiro semestre de 2001 para 29% no mesmo
período deste ano.
Nesse caso, estão empresas que
vendem mercadorias por valores,
no mínimo, 10% superiores à média do mercado. Ao mesmo tempo, marcas classificadas como intermediárias -com preço 9%
abaixo da média do mercado a até
10% acima- passaram de uma
taxa de 40% de janeiro a junho de
2001 para 44% no primeiro semestre deste ano.
Marcas de produtos mais baratos mantiveram, praticamente,
sua participação de mercado, de
28% para 27%. A Latin Panel visitou 6.000 domicílios no país de todas as classes sociais.
Levantamento da Folha comprova o fato de que os fabricantes
de mercadorias com preços mais
elevados (e que perderam mercado) são também os que normalmente lideram o ranking em seus
segmentos. As mercadorias das
companhias líderes na produção
de biscoitos, pratos prontos e detergentes, segundo pesquisa em
lojas do Pão de Açúcar, custam
entre 10% e 12% acima da segunda marca. Em casos como o do
hambúrguer, a diferença entre as
marcas chega a 23%.
"Não há dúvida de que essa busca por outras marcas é um efeito
da retração na renda do brasileiro. Mas também é claro que o
consumidor não abandonou as
marcas "premium" de forma definitiva", diz Ana Cláudia Fioratti,
diretora da Latin Panel.
O abandono pode não ter ocorrido, mas a troca de marcas é evidente. E ocorre há alguns anos.
Mais da metade (52%) das companhias líderes em 35 categorias
perdeu participação de mercado
de 1998 a 2001.
Por exemplo: a empresa líder no
segmento de sorvetes (Kibon)
perdeu no período 21 pontos percentuais. No caso do creme de leite, em que a Nestlé lidera, a perda
foi de 14 pontos.
Em três anos, 75% das marcas
líderes perderam exclusividade.
No mesmo período -de 1998 a
2001-, a renda média mensal do
trabalhador caiu de R$ 1.075 para
R$ 993. Neste ano, a renda voltou
a tropeçar.
Logo, produtos "premium"
continuaram a perder espaço na
despensa do brasileiro no primeiro semestre deste ano.
No caso dos alimentos, a participação das empresas líderes nas
vendas do setor (em valor) caiu de
25% de janeiro a junho de 2001
para 21% neste ano. Nas bebidas,
a taxa caiu de 36% para 34%.
Na prática, esse movimento é
reflexo de uma forte aceleração
nos lançamentos de itens no país,
que tomou força em meados dos
anos 90. Com a expansão da concorrência, surgiram diferentes categorias, como as marcas próprias
e as chamadas de "terceira linha
ou de "combate" -com preços
populares e de custo baixo.
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