|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Volks vai investir R$ 2,5 bi no Brasil; GM cogita R$ 1,5 bi
Após acordo para demissões, VW anuncia um dos maiores aportes no país; montante não inclui crédito do BNDES
Com novos recursos e maior produtividade, montadora quer fabricar mais com menos funcionários; GM depende de aval da matriz
JOSÉ AUGUSTO AMORIM
EDITOR-ASSITENTE DE VEÍCULOS
Se de um lado as montadoras
têm reclamado de taxa de juros,
impostos altos e real valorizado, de outro elas têm investido
cada vez mais. A Volkswagen
anunciou ontem, durante o Salão de São Paulo, um de seus
maiores investimentos no país,
de R$ 2,5 bilhões, valor obtido
com recursos próprios após o
seu plano de reestruturação ter
sido colocado em prática.
Além disso, se a matriz da
General Motors aprovar, a filial
local aportará R$ 1 bilhão, além
dos R$ 500 milhões que costuma investir a cada ano.
Após anunciar a demissão de
3.600 funcionários na fábrica
de São Bernardo do Campo até
2008 e outros 700 em Taubaté
(SP), a Volkswagen pretende
investir R$ 2,5 bilhões entre
2007 e 2012. A montadora
aguarda ainda recebimento de
um financiamento de R$ 497
milhões do BNDES referentes
a projetos anteriores. O banco
chegou a suspender o crédito,
quando a empresa ameaçou encerrar suas operações no ABC.
"Investimos demais em plantas, agora é hora de investir em
produtos", diz Hans-Christian
Maergner, presidente da filial
brasileira. A produtividade por
empregado por ano aumentou
50% entre 2003 e 2006 e deve
chegar a 75% em 2009. Ou seja,
a empresa vai fazer mais carros
com menos empregados.
O dinheiro será dividido proporcionalmente para a produção em cada uma das fábricas.
O primeiro aporte será na unidade de Taubaté, onde são feitos 900 produtos da família Gol
por dia. Depois será a vez de
São Bernardo, onde a situação é
mais complicada. O Fox destinado à Europa terá sua produção transferida para São José
dos Pinhais (PR), onde já é feita
a versão para o mercado nacional. Somem-se a isso as demissões, e a produção deve cair dos
atuais 900 carros diários para
800 no próximo ano.
Mesmo com a transferência
do Fox, serão demitidos 900
funcionários paranaenses. As
negociações começam neste
mês, e o processo terminará no
fim do próximo. A mudança
não é garantia de emprego: as
vendas têm caído a cada ano.
Em 2005, foram exportados 85
mil Fox, contra 65 mil neste
ano. Em 2007, a expectativa é
que a Europa compre 50 mil
carros. "O custo cai, mas não
aumenta a exportação. Melhora a margem", diz Maergner.
Para ele, o ideal é que o dólar
fique na casa de R$ 2,60. Se a
montadora reduziu suas exportações, ainda é a responsável
pelos produtos vendidos na Argentina e no México, onde o
Gol também é o mais vendido.
Segundo o vice-presidente de
marketing e vendas da empresa, Berthold Krueger, o crescimento será nos países emergentes: a taxa esperada é de
78% até 2015, contra 7% dos
países desenvolvidos.
Investindo em produtos, a
VW espera ampliar o mercado.
Daí um investimento tão grande no Brasil -na Argentina, há
outra planta, onde é produzida
a SpaceFox. Krueger diz que a
gama passou de 11 veículos em
2001 para 16 hoje. Os lançamentos devem chegar em
2008, já que os de 2007 são fruto de investimentos anteriores.
GM
A General Motors também
reclama do real valorizado. Segundo o presidente Ray Young,
as exportações passaram de
210 mil unidades no ano passado para 160 mil neste ano. Em
2007, serão 10% a menos. A receita, no entanto, ficou estável
em US$ 1,6 bilhão. "Tivemos de
aumentar o valor do carro."
Maergner compara: "É como se
vendêssemos o carro com um
cheque no porta-luvas".
Young diz que seu foco agora
é o biênio 2009-2010. No primeiro trimestre de 2007, ele
tentará convencer a matriz de
que é melhor produzir no Brasil do que na China, no México
ou na Coréia do Sul. Se tiver sucesso, investirá R$ 1 bilhão a
mais no período -serão novos
produtos e novo ferramental.
Mas, antes disso, ele vai gastar
US$ 100 milhões no próximo
ano para ampliar o centro de
tecnologia e de design, além do
campo de provas. A GM do Brasil assumiu a responsabilidade
global de desenvolver picapes e
utilitários esportivos médios e
ampliará o quadro de 660 para
1.200 engenheiros. Até 2008,
serão 300 desenhistas, contra
os atuais 160 que trabalham em
São Caetano do Sul (SP).
Boas perspectivas
Os investimentos das montadoras, de acordo com especialistas, não são contraditórios
com as demissões anunciadas
este ano. "No caso das duas
[Volkswagen e GM], o motivo
das demissões não era redução
de capacidade, mas sim readequação de custos e redistribuição da produção", diz Richard
Dubois, diretor-associado da
consultoria AT Kearney.
Ele lembra que as perspectivas para este ano são boas. "A
indústria deve registrar recorde de produção. O ano que vem
talvez não seja tão aquecido,
mas ninguém fala em redução."
Colaborou a Reportagem Local
Texto Anterior: Conjunto de 110 prédios em Nova York é leiloado por US$ 5,4 bilhões Próximo Texto: Montadora alemã anuncia o mais novo dirigente da história da filial no país Índice
|