São Paulo, quarta-feira, 18 de outubro de 2006

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Inflação nos EUA preocupa mercado, e Bolsas caem

Com novo dado, perde força aposta em queda dos juros

DA REPORTAGEM LOCAL

Dados de inflação ao produtor nos Estados Unidos não agradaram aos investidores ontem. As Bolsas fecharam no vermelho nas principais praças financeiras do mundo.
Por aqui, a Bolsa de Valores de São Paulo terminou com perdas de 0,85%, influenciada negativamente pelo mercado norte-americano. O risco-país brasileiro fechou em alta de 1,43%, a 213 pontos.
A Nasdaq amargou queda de 0,80%. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, registrou baixa de 0,26%.
A Europa também não escapou do pessimismo: em Londres, a queda foi de 1,03%; a Bolsa de Frankfurt perdeu 1,15%; em Paris, a baixa ficou em 1,10%.
O PPI (índice de preços ao produtor americano) caiu 1,3% em setembro. Mas o seu núcleo, que exclui a variação de preços de alimentos e energia, itens considerados voláteis, registrou uma alta de 0,6% -acima do esperado. E foi o que acabou por preocupar o mercado.
Os analistas projetavam que o núcleo do PPI tivesse uma elevação em torno de 0,2%.
"O núcleo do PPI veio muito acima das expectativas, gerando um estresse no mercado financeiro. As atenções se voltam agora à divulgação do núcleo do CPI [o índice de preços ao consumidor norte-americano]", avalia a UpTrend Consultoria Econômica.
Na manhã de hoje será conhecido o CPI. Se o indicador ou seu núcleo forem recebidos de forma negativa, o mercado global poderá ter um dia pior do que o de ontem.

Juros
A alta do núcleo do índice de preços ao produtor acima do desejado esfriou as expectativas de parcela do mercado que contava com a possibilidade de o Fed (o banco central dos Estados Unidos) reduzir os juros básicos do país, que estão em 5,25%, ainda em 2006.
O processo de elevação dos juros americanos passou a prejudicar a Bolsa de Valores de São Paulo em meados de maio. Entre aquele mês e agosto, a Bolsa perdeu líquidos R$ 5,6 bilhões em capital externo.
Neste mês, o saldo dos negócios estrangeiros na Bolsa paulista está positivo, em R$ 516 milhões, até o dia 10.
Para que esse cenário de entrada de recursos na Bolsa não se altere, é importante que os juros não voltem a subir nos Estados Unidos.

Real forte
Apesar do dia ruim, o real se manteve apreciado. A ligeira queda da moeda nacional ontem não alterou o panorama do mês -no período, o dólar tem queda de 1,80%.
Ontem o dólar encerrou as operações vendido a R$ 2,132. -com uma pequena elevação de 0,09%.
"O câmbio não mexeu muito com as notícias de inflação nos EUA", afirma João Medeiros, diretor da corretora Pionner. "Enquanto os juros não caírem de forma expressiva no Brasil, a realidade do câmbio não vai se alterar", diz Medeiros.
Hoje o Copom (Comitê de Política Monetária) anuncia a nova taxa básica de juros. A expectativa predominante no mercado é a de que a taxa Selic seja reduzida de 14,25% para 13,75% anuais.
Analistas explicam que o dólar deixará o atual patamar apenas se houver turbulências realmente fortes no cenário externo, como ocorreu em meados de maio e junho.
A última pesquisa semanal feita pelo Banco Central com cerca de cem instituições financeiras, divulgada na segunda-feira, mostrou que a projeção média para o dólar no fim de 2006 é de R$ 2,18 -ou 2,25% acima do nível atual.


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