JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A economista Maria da Conceição Tavares afirmou ontem que o Banco Central deve agir "com um porrete" no mercado. A recomendação foi feita em referência à retenção dos recursos do compulsório pelos bancos.
"O BC fez isso para que os bancos emprestem. Se os caras não emprestarem, toma de volta. Faz um compulsório diferenciado para os que cumprem as regras e eleva para os que não emprestarem", disse em entrevista após participar de aula em comemoração aos 70 anos do ensino de economia da UFRJ. A economista iniciou a aula dizendo que nasceu em meio a uma grande depressão, em 1930, e tudo indica que morrerá em outra. "Esta crise marca o começo da perda de hegemonia da economia americana", disse.
Apesar do prognóstico negativo, Conceição afirma que o Brasil não corre risco de entrar em recessão até 2010, mas que a principal questão agora é o tamanho da desaceleração do crescimento.
Para ela, a economia crescerá cerca de 3,5% em 2009. "Esta é a minha expectativa e a do FMI. Só os engravatados esperam que a economia cresça somente 2%", disse.
A economista ironizou as declarações do presidente da Sadia, Luiz Fernando Furlan, que disse que as empresas que especularam a favor da estabilidade da economia é que "levaram ferro". "O que ele tinha feito então, especulado contra o dólar?", disse. Ela criticou o BC e disse que ele deveria ter entrado no câmbio quando a moeda chegou a R$ 1,80.
Em relação aos juros, disse que espera que a taxa seja mantida porque não existem pressões inflacionárias significativas e por conta da disparada do dólar.
A economista afirmou que a Bolsa brasileira "fundiu", mas que o cenário não é tão grave quanto nos EUA.
Ela também aproveitou para defender o presidente Lula. "Vocês não têm idéia da sorte que a gente tem de ter o Lula como presidente. O de lá [dos EUA] nem fala porque não há quem queira ouvir".
Conceição voltará a dar aulas no próximo semestre em um curso de Economia Política Internacional da UFRJ.


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