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QUEDA-DE-BRAÇO
Às vésperas do Copom, CNI e Fiesp pressionam por redução superior a 1 ponto na taxa Selic; Piva pede taxa a 17,5%
Indústria quer corte mais "ousado" dos juros
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Às vésperas da decisão sobre o
destino dos juros para o próximo
mês, os principais representantes
da indústria brasileira cobraram
mais "ousadia" do Copom (Comitê de Política Monetária) e um
corte superior a um ponto percentual na taxa básica, a Selic.
O mercado financeiro projeta
uma redução de um ponto percentual na taxa na reunião do comitê que começa hoje e termina
amanhã, de acordo com pesquisa
feita pelo próprio Banco Central.
Mas, segundo Armando Monteiro Neto, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria),
"há espaço para [o juro] cair
mais". Segundo Monteiro, "uma
redução maior criaria um ambiente estimulador para a atividade econômica".
Já o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), Horacio Lafer Piva,
afirmou que uma queda em torno
de 1,5 ponto percentual -de 19%
para 17,5% ao ano- seria importante para influenciar a decisão de
compra dos consumidores neste
final de ano. "A produção e o consumo veriam com bons olhos
uma redução mais efetiva."
Segundo o presidente da Fiesp,
todos os indicadores econômicos
mostram que o BC pode ter uma
posição mais "ousada" e fazer
uma redução "mais efetiva" da taxa de juros.
No entanto, segundo Piva, "o
mercado financeiro e o BC são
agentes mais conservadores do
que os empresários da indústria".
Piva disse que o setor produtivo
vem sendo consultado pelo BC
nas pesquisas semanais sobre
projeções de inflação, crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), juros e outros indicadores.
Essas pesquisas são divulgadas
no boletim Focus, do BC, e refletem as expectativas do mercado
financeiro sobre os principais indicadores econômicos. "Estamos
tentando convencê-lo [o Banco
Central]; mas o BC tem uma posição conservadora que casa com a
do mercado financeiro", observou o presidente da Fiesp.
Para Piva, a constatação de que
há 20 anos o país vem tendo um
crescimento econômico quase
nulo é argumento suficiente para
mostrar que a saída da estagnação
só será possível com a redução do
custo do capital.
Os industriais também protestaram contra a carga tributária
que incide sobre os investimentos
em máquinas e equipamentos.
"Enquanto o discurso do governo e dos parlamentares reconhece
a necessidade de desonerar os investimentos, vemos na prática a
possibilidade de o Congresso agir
no sentido oposto na votação da
reforma tributária, por pressão
dos governadores do Sul e do Sudeste", disse Luiz Carlos Delben
Leite, presidente da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria
de Máquinas e Equipamentos).
"Spread"
Além de um corte maior na Selic, os industriais defenderam
também a redução do "spread"
bancário. "Spread" é a diferença
entre o custo de captação dos
bancos e o que eles cobram nas
operações de financiamento.
"O financiamento dos investimentos é fundamental para a retomada do crescimento econômico. Há grandes distorções nessa
área", afirmou Monteiro.
No entanto, segundo ele, "não
há espaço para soluções voluntaristas, artificiais ou demagógicas"
para reduzir o alto custo do dinheiro. Ele pregou uma "solução
de mercado", que passa pela redução dos tributos que incidem
sobre as operações bancárias, a
diminuição do depósito compulsório dos bancos no BC e o aumento da concorrência no setor.
A afirmação foi feita durante a
abertura do seminário "Spread
bancário e taxas de juros", realizado na sede da Fiesp. Para o presidente da Febraban, Gabriel Jorge
Ferreira, o "spread" é alto devido
aos custos administrativos e operacionais dos bancos e à pesada
tributação. "O sistema está mais
competitivo, mas ainda precisa
ganhar escala", afirmou.
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