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Trabalho no Bom Retiro terá fiscalização
Procuradoria vai investigar se lojistas do bairro paulistano empregam bolivianos em situação irregular
DA REPORTAGEM LOCAL
Após investigar redes de varejo e confecções que contratam bolivianos em situação irregular e em condições degradantes de trabalho, o MPT (Ministério Público do Trabalho)
de São Paulo vai fiscalizar lojas
e fabricantes do Bom Retiro.
Nessa região, existem hoje
1.200 lojistas, dos quais 1.000
são fabricantes, de acordo com
a associação de comerciantes
do bairro.
"O problema do uso da mão-de-obra irregular caminha para
solução entre os fornecedores
de grande redes de varejo, mas
ainda está longe de ser definitivamente resolvido", diz Vera
Lúcia Carlos, procuradora do
Trabalho.
"Recebemos denúncias de
que lojistas do Bom Retiro, proprietários de confecções, estão
empregando bolivianos que estão irregulares no país."
O MPT quer identificar, nessa nova etapa da fiscalização, se
as lojas do Bom Retiro confeccionam seus produtos, se terceirizam a costura de peças,
quem são os parceiros dos lojistas, se os trabalhadores têm ou
não carteira assinada e em que
condições trabalham. "Sabemos que pequenas oficinas de
costura, muitas vezes até clandestinas, são fornecedores de
parte das confecções. Agora vamos investigar os lojistas porque a exploração parece estar
mais concentrada nas lojas da
rua José Paulino. É uma nova
frente de trabalho", diz Vera.
A Câmara de Dirigentes Lojistas do Bom Retiro afirma, em
nota, que "sempre aconselha
aos proprietários de lojas e confecções a contratar oficinas de
costuras que respeitam as leis
trabalhistas vigentes no país".
Ela afirma que é "terminantemente contra o trabalho informal" e mensalmente "envia informativos aos lojistas e empregadores ressaltando a importância do respeito aos direitos dos trabalhadores".
Compromisso
No início do mês, a C&A assinou um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) em que se
compromete a advertir seus
fornecedores e até mesmo cancelar pedidos de compras de
confecções que empreguem,
formal ou informalmente, trabalhadores de nacionalidades
diversas que estejam em situação irregular no país. Se descumprir o TAC, a rede terá de
pagar multa de R$ 10 mil para
cada item descumprido do
acordo e o mesmo valor por trabalhador. "O TAC reforça e oficializa todas as condutas que a
C&A já segue e que constam do
código de conduta para fornecimento de mercadorias, adotado em 1995 para regulamentar
o monitoramento dos fornecedores da empresa", diz a rede
em nota oficial.
Uma das maiores redes do
varejo do país, a C&A investiu
R$ 5 milhões para inspecionar
as condições de trabalho oferecidas por 700 de seus fornecedores e oficinas subcontratadas
por esses fabricantes, por meio
de uma empresa autônoma
criada há cerca de dois anos -a
Socam (Organização de Serviço
para Gestão de Auditorias de
Conformidade).
A empresa, independente e
subordinada à holding que controla o grupo na América Latina, visitou até setembro 85%
dos fornecedores e subcontratados. "Cerca de 30 Termos de
Ajustamento de Conduta também já foram assinados com
confecções que fornecem para
a C&A", diz a procuradora.
A Riachuelo também firmou
TAC neste ano com o MPT no
qual se compromete a não trabalhar com empresas que usam
mão-de-obra irregular.
Em setembro, blitz realizada
por procuradoras do Trabalho
encontrou bolivianos em situação irregular e submetidos a
jornadas diárias de até 16 horas,
em ambientes sem higiene e
que ofereciam risco à segurança em oficinas de costura do Pari (centro) e da Barra Funda
(zona oeste).
Nos últimos dois anos, o
MPT abriu 147 investigações
para apurar denúncias. Metade
virou TACs (Termos de Ajustamento de Conduta).
(CR)
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