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São Paulo, quinta-feira, 18 de dezembro de 2003

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Cortes economizam R$ 13,5 bilhões

DA REPORTAGEM LOCAL

Os sete cortes sucessivos feitos na taxa Selic desde junho representam uma economia de R$ 13,5 bilhões para o governo nos gastos com juros sobre a dívida interna.
O número supera as despesas extras geradas pelas altas da taxa nos primeiros meses da gestão petista, que somaram R$ 6,9 bilhões até junho. As contas foram feitas pela consultoria Global Invest.
"As reduções de juros são importantes porque vão dando folga à política fiscal", diz Nelson Carneiro, analista da Global Invest.
Isso está longe de significar, no entanto, uma redução substancial no pagamento de juros do governo sobre sua dívida global. Segundo Carneiro, essa despesa somou cerca de R$ 123,7 bilhões entre janeiro e outubro deste ano. O número supera em muito os R$ 64 bilhões de superávit primário (economia para pagamento de juros) no mesmo período.
Ainda assim, analistas dizem que os cortes de juros são importantes do ponto de vista fiscal porque abrem espaço para a redução do tamanho da dívida pública.
Isso permite ao governo renovar parcelas menores de sua dívida e aumenta seu poder de barganha com o mercado na hora de definir os juros que serão pagos em cada rolagem. Mas essa vantagem não é o que orienta a condução da política monetária e sim a trajetória da inflação.

Dívida cresce
Apesar da redução dos juros, a dívida interna do governo federal em títulos cresceu 1,46% em novembro em relação a outubro, alcançando R$ 728,31 bilhões. Mesmo com o aumento de R$ 10,4 bilhões, o governo comemora o resultado do mês, pois houve melhora no perfil da dívida.
"O aumento da parcela prefixada [com rendimento definido antes do vencimento] e a redução da exposição cambial [títulos com correção pelo dólar] significam uma melhoria expressiva", disse o coordenador-geral de Dívida Pública, Paulo Valle.
No início do ano, 37% da dívida em títulos estava atrelada ao câmbio. Em novembro, essa parcela caiu para 23,82%. A redução foi resultado da estratégia do governo de aproveitar o momento de estabilidade da economia e resgatar papéis e swaps cambiais.
Em novembro, o resgate líquido desses instrumentos cambiais foi de R$ 6,6 bilhões. O resgate líquido acontece quando o governo retira do mercado mais títulos e contratos do que emite. "Não esperávamos que isso pudesse ser feito de forma tão acelerada", disse o chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto do BC, Sérgio Goldenstein.
A previsão do governo é fechar o ano com exposição cambial equivalente a 22% da dívida total.
O aumento da participação de papéis prefixados é uma boa notícia para o governo, pois este tipo de título dá mais previsibilidade à administração da dívida. De 9,89% o total desses papéis subiu para 11,27% em novembro. No mês passado, o total de títulos atrelados à Selic caiu de 51,08% para 50,19%.


Colaborou Julianna Sofia, da Sucursal de Brasília

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