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Cortes economizam R$ 13,5 bilhões
DA REPORTAGEM LOCAL
Os sete cortes sucessivos feitos
na taxa Selic desde junho representam uma economia de R$ 13,5
bilhões para o governo nos gastos
com juros sobre a dívida interna.
O número supera as despesas
extras geradas pelas altas da taxa
nos primeiros meses da gestão petista, que somaram R$ 6,9 bilhões
até junho. As contas foram feitas
pela consultoria Global Invest.
"As reduções de juros são importantes porque vão dando folga
à política fiscal", diz Nelson Carneiro, analista da Global Invest.
Isso está longe de significar, no
entanto, uma redução substancial
no pagamento de juros do governo sobre sua dívida global. Segundo Carneiro, essa despesa somou
cerca de R$ 123,7 bilhões entre janeiro e outubro deste ano. O número supera em muito os R$ 64
bilhões de superávit primário
(economia para pagamento de juros) no mesmo período.
Ainda assim, analistas dizem
que os cortes de juros são importantes do ponto de vista fiscal porque abrem espaço para a redução
do tamanho da dívida pública.
Isso permite ao governo renovar parcelas menores de sua dívida e aumenta seu poder de barganha com o mercado na hora de
definir os juros que serão pagos
em cada rolagem. Mas essa vantagem não é o que orienta a condução da política monetária e sim a
trajetória da inflação.
Dívida cresce
Apesar da redução dos juros, a
dívida interna do governo federal
em títulos cresceu 1,46% em novembro em relação a outubro, alcançando R$ 728,31 bilhões. Mesmo com o aumento de R$ 10,4 bilhões, o governo comemora o resultado do mês, pois houve melhora no perfil da dívida.
"O aumento da parcela prefixada [com rendimento definido antes do vencimento] e a redução da
exposição cambial [títulos com
correção pelo dólar] significam
uma melhoria expressiva", disse o
coordenador-geral de Dívida Pública, Paulo Valle.
No início do ano, 37% da dívida
em títulos estava atrelada ao câmbio. Em novembro, essa parcela
caiu para 23,82%. A redução foi
resultado da estratégia do governo de aproveitar o momento de
estabilidade da economia e resgatar papéis e swaps cambiais.
Em novembro, o resgate líquido
desses instrumentos cambiais foi
de R$ 6,6 bilhões. O resgate líquido acontece quando o governo retira do mercado mais títulos e
contratos do que emite. "Não esperávamos que isso pudesse ser
feito de forma tão acelerada", disse o chefe do Departamento de
Operações do Mercado Aberto do
BC, Sérgio Goldenstein.
A previsão do governo é fechar
o ano com exposição cambial
equivalente a 22% da dívida total.
O aumento da participação de
papéis prefixados é uma boa notícia para o governo, pois este tipo
de título dá mais previsibilidade à
administração da dívida. De
9,89% o total desses papéis subiu
para 11,27% em novembro. No
mês passado, o total de títulos
atrelados à Selic caiu de 51,08%
para 50,19%.
Colaborou Julianna Sofia,
da Sucursal de Brasília
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