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EMERGENTES
Alívio pode ser efêmero e aversão a risco tende a se manter, especialmente se houver guerra, dizem analistas
Brecha no mercado permitiu financiamento
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma brecha aberta no mercado
internacional neste início de ano
permitiu que alguns países emergentes conseguissem levantar financiamento externo. Mas a recente melhora está mais para um
alívio momentâneo do que para o
início de uma recuperação.
Países com boa classificação de
risco, como México e Chile, conseguiram captar respectivamente
US$ 2 bilhões e US$ 1 bilhão nas
últimas semanas.
Até governos de países com pior
nota das agências de classificação
de crédito, como Filipinas e Turquia, levantaram recursos recentemente no mercado externo.
No Brasil, recentes captações
feitas por bancos e, na última semana, por empresas exportadoras também ajudaram a animar o
mercado.
Mas, segundo analistas, não há
razão ainda para um excesso de
otimismo.
"Vimos uma pequena melhora
do mercado para países emergentes recentemente. Mas ainda é cedo para falar de reversão do cenário de aversão a esses mercados",
diz David Gould, economista do
IIF (Institute of International Finance).
O IIF divulgou um documento
na semana passada que previa
uma demora de alguns anos até
que o mercado externo volte a ter
o apetite verificado em meados da
década de 90 por títulos de governos emergentes.
No caso do Brasil, não há a expectativa de que o governo consiga emitir bônus no exterior tão
cedo.
"Faltam sinais de implementação das reformas estruturais no
Brasil. Antes disso, não vejo espaço para que o país consiga boas
condições para acessar o mercado
externo", afirma Drausio Giacomelli, estrategista para mercados
emergentes do JP Morgan.
Segundo Giacomelli, o primeiro
trimestre do ano é historicamente
uma época em que os mercados
externos estão mais acessíveis.
Ainda é cedo para prever como
será 2003. Uma guerra contra o
Iraque, por exemplo, pode fazer
disparar novamente a forte aversão a risco que marcou 2002.
Alguns países, como Coréia do
Sul, têm conseguido driblar a escassez de crédito externo emitindo títulos no mercado doméstico
em moeda local. Mas, para Gould,
essa estratégia é para poucos.
"Investidores só vão querer
comprar títulos em moeda local
de países onde não existam grandes riscos de desvalorização".
Esse não é, por exemplo, o caso
do Brasil.
"O Brasil só vai conseguir atingir esse estágio depois que implementar as reformas necessárias
para que seu risco de crédito
caia", diz Gould.
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