UOL


São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EMERGENTES

Alívio pode ser efêmero e aversão a risco tende a se manter, especialmente se houver guerra, dizem analistas

Brecha no mercado permitiu financiamento

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma brecha aberta no mercado internacional neste início de ano permitiu que alguns países emergentes conseguissem levantar financiamento externo. Mas a recente melhora está mais para um alívio momentâneo do que para o início de uma recuperação.
Países com boa classificação de risco, como México e Chile, conseguiram captar respectivamente US$ 2 bilhões e US$ 1 bilhão nas últimas semanas.
Até governos de países com pior nota das agências de classificação de crédito, como Filipinas e Turquia, levantaram recursos recentemente no mercado externo.
No Brasil, recentes captações feitas por bancos e, na última semana, por empresas exportadoras também ajudaram a animar o mercado.
Mas, segundo analistas, não há razão ainda para um excesso de otimismo.
"Vimos uma pequena melhora do mercado para países emergentes recentemente. Mas ainda é cedo para falar de reversão do cenário de aversão a esses mercados", diz David Gould, economista do IIF (Institute of International Finance).
O IIF divulgou um documento na semana passada que previa uma demora de alguns anos até que o mercado externo volte a ter o apetite verificado em meados da década de 90 por títulos de governos emergentes.
No caso do Brasil, não há a expectativa de que o governo consiga emitir bônus no exterior tão cedo.
"Faltam sinais de implementação das reformas estruturais no Brasil. Antes disso, não vejo espaço para que o país consiga boas condições para acessar o mercado externo", afirma Drausio Giacomelli, estrategista para mercados emergentes do JP Morgan.
Segundo Giacomelli, o primeiro trimestre do ano é historicamente uma época em que os mercados externos estão mais acessíveis. Ainda é cedo para prever como será 2003. Uma guerra contra o Iraque, por exemplo, pode fazer disparar novamente a forte aversão a risco que marcou 2002.
Alguns países, como Coréia do Sul, têm conseguido driblar a escassez de crédito externo emitindo títulos no mercado doméstico em moeda local. Mas, para Gould, essa estratégia é para poucos.
"Investidores só vão querer comprar títulos em moeda local de países onde não existam grandes riscos de desvalorização".
Esse não é, por exemplo, o caso do Brasil.
"O Brasil só vai conseguir atingir esse estágio depois que implementar as reformas necessárias para que seu risco de crédito caia", diz Gould.


Texto Anterior: Comércio exterior: Recorde de exportações vai depender do 1º semestre
Próximo Texto: Planejamento: Governo quer dívida pública em 55% do PIB
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.