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PLANEJAMENTO
Para Guido Mantega, percentual é "razoável" e será obtido com a elevação da meta de superávit primário
Governo quer dívida pública em 55% do PIB
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aumento do superávit primário (economia de receitas para pagamento de juros) que o governo
pretende anunciar até o final do
mês deverá ser suficiente para estabilizar a dívida pública em um
valor equivalente a 55% do PIB
(Produto Interno Bruto).
Quando o governo economiza
receitas de impostos para pagar
juros, há uma redução da necessidade de emissão de novos títulos
da dívida. A meta fixada no momento é economizar o equivalente a 3,75% do PIB em 2003.
De acordo com o ministro do
Planejamento, Guido Mantega, a
estabilização da dívida em 55% é
"uma faixa razoável": "Deverá ser
necessário um superávit maior
para consolidar essa posição".
Em novembro, o Banco Central
divulgou que a dívida pública
(União, Estados, municípios e estatais) era de R$ 869,473 bilhões,
ou 57,5% do PIB. Mas o chefe do
Departamento Econômico do BC,
Altamir Lopes, já contava com
uma redução em dezembro por
causa da valorização do real.
Quando o real se valoriza, a parcela da dívida corrigida pelo dólar
tem uma redução. Em setembro
de 2002, por exemplo, quando o
dólar subiu 29%, a relação entre a
dívida e o PIB foi para 63,6%.
Mantega disse que a atual cotação do dólar, em torno de R$ 3,30,
poderá cair um pouco mais até o
final do ano. Segundo ele, porém,
essa queda deverá acontecer de
maneira irregular por causa do
cenário externo (possibilidade de
guerra entre EUA e Iraque) e das
tensões existentes no mercado a
cada vencimento de dívida corrigida pelo dólar.
"O risco Brasil também vai cair,
porque a confiança no país está
sendo restabelecida. Os créditos
estão voltando e há segurança na
política econômica do governo",
afirmou Mantega.
A possível guerra no Iraque é
um fator de instabilidade externa
que, de acordo com o ministro,
afeta as previsões de crescimento
econômico para o Brasil em 2003.
Em razão disso, Mantega abre
um grande intervalo nas suas expectativas de crescimento. "Acho
que será acima de 2%, podendo
chegar a 3%. Mas isso depende da
conjuntura", afirmou.
O ministro do Planejamento explicou que, enquanto permanece
indefinida a nova meta de superávit, os seus técnicos e os do Ministério da Fazenda estão trabalhando sobre todos os itens de receita
do Orçamento de 2003.
A idéia é verificar se os valores
aprovados no Congresso são
compatíveis com os atuais níveis
de inflação, câmbio e crescimento. Mantega afirmou que o Orçamento será revisto mensalmente e
que podem surgir receitas extraordinárias ao longo do ano.
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