DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Esqueceram-se de avisar o presidente Fernando Henrique Cardoso. Essa foi a explicação dada ontem pelos envolvidos no episódio do reajuste do preço da gasolina, vetado inicialmente por FHC, mas que deve acabar saindo.
A decisão de conceder o reajuste começou a ser definida no dia 8, quando houve reunião do Conselho da Petrobras, no Rio. Dela, participaram, entre outros, os ministros José Jorge (Minas e Energia) e Pedro Parente (Casa Civil).
De acordo com José Jorge, o assunto reajuste de gasolina não foi tratado nessa reunião. Depois do almoço, o ministro de Minas e Energia permaneceu no Rio e se reuniu com o presidente da Petrobras, Francisco Gros, e com Rogério Manso, diretor da área de comercialização da estatal.
Dessa reunião saiu o reajuste de cerca de 2,2%, que deveria ser anunciado pela estatal na quinta após o Carnaval. Segundo o relato de José Jorge, por volta das 17h daquele mesmo dia o ministro Pedro Parente foi avisado, por telefone, do reajuste e concordou.
Ou seja, no fim da tarde do dia 8 de fevereiro, Parente, José Jorge e Francisco Gros sabiam da decisão de conceder o reajuste.
"Um ficou esperando que o outro comunicasse [a FHC". Não se comunicou também porque nós achamos que foi uma decisão técnica, não tinha nada político na questão", disse ontem José Jorge.
Gros também admitiu ontem que o presidente FHC não foi avisado do reajuste. Em sua opinião, o que houve foi uma falha de comunicação, que acabou gerando o veto presidencial ao aumento.
Sem saber do reajuste, Fernando Henrique Cardoso viajou para uma reserva ecológica no Amazonas, no sábado dia 9, para passar o Carnaval. Só soube do reajuste porque, no dia 15, uma pergunta sobre o aumento foi feita ao seu porta-voz, Alexandre Parola.
A Folha não conseguiu falar com a assessoria de Parente para confirmar a versão de José Jorge.



Texto Anterior: Ministro diz que cálculo será refeito
Próximo Texto: Petrobras define política de preço, diz Gros
Índice