São Paulo, terça-feira, 19 de fevereiro de 2002

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TRABALHO

No mês passado, 6.659 trabalhadores perderam suas vagas; para a Fiesp, nem fim do racionamento alivia situação

Nível de emprego cai em janeiro na indústria de SP

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O desemprego industrial no primeiro mês do ano atingiu um número maior de pessoas e uma quantidade também maior de setores. Resultado: a curva crescente do desemprego não cedeu. O nível de emprego na indústria de São Paulo caiu 0,42%. Foram demitidas 6.659 pessoas em janeiro.
Dados apresentados ontem pela Fiesp, entidade que representa 127 sindicatos do setor, mostram que 28 setores demitiram pouco mais de 6.600 pessoas. O cenário é pior do que o apurado em dezembro, quando 5.700 empregados de 27 áreas da economia perderam suas vagas no Estado.
As empresas de alimentos, por exemplo, que ampliaram as exportações e contrataram funcionários temporários nos últimos meses de 2001, demitiram em janeiro. A queda no emprego foi recorde entre os segmentos analisados: 13,64%. Fabricantes de congelados também reduziram o quadro de pessoas -a redução foi de 8,3%. A queda é reflexo da retração no mercado interno.

Sinais de fraqueza
As demissões seriam uma demonstração, na avaliação da Fiesp, de que a economia ainda não dá sinais de retomada -ao contrário do que algumas empresas e economistas afirmam.
"Tivemos um dezembro melhor do que o esperado, mas nada garante que esse cenário vá ter continuidade", diz Clarice Messer, diretora da Fiesp.
Nem mesmo o fim do racionamento de energia seria um fator relevante numa possível virada do setor. "Ninguém vai contratar mais porque a crise energética acabou. E acreditamos que esse fator não terá efeito sobre a demanda de alguns produtos, como aparelhos eletrônicos, que despencou com o anúncio do racionamento", disse.
Após a confirmação de que o país enfrentaria a crise energética, a Fiesp informou que as indústrias deixariam de criar 13 mil postos com o racionamento.
Ontem, a Fiesp disse que as empresas não voltam atrás e as vagas que deixaram de ser criadas não serão abertas. A razão para isso são os juros. Clarice afirmou ontem que o governo mantém as atuais taxas como estão porque ele "olha demais para a inflação, e não para a atividade industrial".
A direção da entidade espera que, até o final do ano, a taxa passe de 19% para 16%. Uma redução, entretanto, não teria impacto imediato na economia. A reação do mercado -com possível queda nas taxas nos bancos e comércio- viria apenas de 9 a 12 meses depois, pelas contas da entidade. Um período longo, na avaliação dos economistas.

Recuperação difícil
Nas últimas semanas, o comércio e alguns setores industriais informaram que conseguiram vender mais em janeiro. O faturamento real do varejo em São Paulo, em janeiro, por exemplo, cresceu 2,78%, conforme a Folha informou no domingo. A Fiesp diz que há casos isolados de resultados positivos, mas que não teriam reflexo sobre o nível de emprego.
O mês de janeiro de 2002 inverteu uma tendência de números positivos no primeiro mês do ano. Em janeiro de 2001, a indústria apurou elevação de 0,04% no emprego. No mesmo período do ano anterior, foi registrada expansão de 0,06%.



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