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TRABALHO
No mês passado, 6.659 trabalhadores perderam suas vagas; para a Fiesp, nem fim do racionamento alivia situação
Nível de emprego cai em janeiro na indústria de SP
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O desemprego industrial no primeiro mês do ano atingiu um número maior de pessoas e uma
quantidade também maior de setores. Resultado: a curva crescente do desemprego não cedeu. O
nível de emprego na indústria de
São Paulo caiu 0,42%. Foram demitidas 6.659 pessoas em janeiro.
Dados apresentados ontem pela
Fiesp, entidade que representa
127 sindicatos do setor, mostram
que 28 setores demitiram pouco
mais de 6.600 pessoas. O cenário é
pior do que o apurado em dezembro, quando 5.700 empregados de
27 áreas da economia perderam
suas vagas no Estado.
As empresas de alimentos, por
exemplo, que ampliaram as exportações e contrataram funcionários temporários nos últimos
meses de 2001, demitiram em janeiro. A queda no emprego foi recorde entre os segmentos analisados: 13,64%. Fabricantes de congelados também reduziram o
quadro de pessoas -a redução
foi de 8,3%. A queda é reflexo da
retração no mercado interno.
Sinais de fraqueza
As demissões seriam uma demonstração, na avaliação da
Fiesp, de que a economia ainda
não dá sinais de retomada -ao
contrário do que algumas empresas e economistas afirmam.
"Tivemos um dezembro melhor do que o esperado, mas nada
garante que esse cenário vá ter
continuidade", diz Clarice Messer, diretora da Fiesp.
Nem mesmo o fim do racionamento de energia seria um fator
relevante numa possível virada do
setor. "Ninguém vai contratar
mais porque a crise energética
acabou. E acreditamos que esse
fator não terá efeito sobre a demanda de alguns produtos, como
aparelhos eletrônicos, que despencou com o anúncio do racionamento", disse.
Após a confirmação de que o
país enfrentaria a crise energética,
a Fiesp informou que as indústrias deixariam de criar 13 mil
postos com o racionamento.
Ontem, a Fiesp disse que as empresas não voltam atrás e as vagas
que deixaram de ser criadas não
serão abertas. A razão para isso
são os juros. Clarice afirmou ontem que o governo mantém as
atuais taxas como estão porque
ele "olha demais para a inflação, e
não para a atividade industrial".
A direção da entidade espera
que, até o final do ano, a taxa passe de 19% para 16%. Uma redução, entretanto, não teria impacto
imediato na economia. A reação
do mercado -com possível queda nas taxas nos bancos e comércio- viria apenas de 9 a 12 meses
depois, pelas contas da entidade.
Um período longo, na avaliação
dos economistas.
Recuperação difícil
Nas últimas semanas, o comércio e alguns setores industriais informaram que conseguiram vender mais em janeiro. O faturamento real do varejo em São Paulo, em janeiro, por exemplo, cresceu 2,78%, conforme a Folha informou no domingo. A Fiesp diz
que há casos isolados de resultados positivos, mas que não teriam
reflexo sobre o nível de emprego.
O mês de janeiro de 2002 inverteu uma tendência de números
positivos no primeiro mês do ano.
Em janeiro de 2001, a indústria
apurou elevação de 0,04% no emprego. No mesmo período do ano
anterior, foi registrada expansão
de 0,06%.
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