|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FMI precisa conceder ajuda já, afirma FHC
CLÁUDIA DIANNI
ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, na reunião de cúpula do Mercosul, em
Buenos Aires, que já está na hora
de o FMI (Fundo Monetário Internacional) ajudar a Argentina.
Segundo FHC, não é justo que o
Fundo exija requisitos antes de liberar o empréstimo.
"Sabemos que essa ajuda requer
um esforço da Argentina, mas
também sabemos que esse esforço já está acontecendo, e não creio
que seja justo pedir à Argentina
que primeiro faça tal coisa para
depois receber ajuda", disse o presidente. Segundo FHC, o esforço
da Argentina e a ajuda financeira
do FMI têm de ocorrer simultaneamente.
As declarações foram feitas
após o FMI pedir um maior ajuste
fiscal das contas das 23 Províncias
da Argentina. Antes, o Fundo havia pedido o fim do regime de
câmbio duplo e a flutuação da cotação do dólar, medidas que já foram atendidas.
"A Argentina está fazendo um
grande esforço, principalmente
com as Províncias, para pôr ordem no sistema fiscal", disse
FHC. Segundo ele, o Brasil fará o
que for "necessário e possível para que a ajuda financeira possa ser
processada normalmente".
FHC prometeu insistir no assunto com os primeiros-ministros do Reino Unido e da França,
Tony Blair e Lionel Jospin, na próxima semana, na reunião sobre
governança progressista, em Estocolmo, na Suécia. "A posição do
Brasil é que há condições para
uma ajuda mais eficaz."
"Estamos ampliando o grau de
informação para os líderes dos
países mais importantes do mundo sobre a necessidade de que haja uma ajuda eficaz à Argentina",
afirmou FHC.
O presidente disse que o ministro da Fazenda, Pedro Malan, está
em contato com o FMI e com o secretário do Tesouro dos Estados
Unidos, Paul O'Neill, para tratar
do assunto.
"A ajuda tem de ser global, não
pode ser latino-americana, porque somos pobres, tem de vir dos
que têm mais", disse Fernando
Henrique.
A reunião não tratou dos problemas comerciais do bloco, mas
FHC disse que os especialistas do
Brasil e da Argentina continuam
procurando soluções para entraves comerciais, inclusive o regime
automotivo. O objetivo, de acordo com o presidente, é que a Argentina possa vender mais carros
para o Brasil.
Os presidentes assinaram um
protocolo para a criação de um
tribunal fixo de arbitragem comercial para o Mercosul.
Atualmente, o bloco possui um
mecanismo de arbitragem para
disputas comerciais sem sede fixa
e com três juízes rotativos. O tribunal terá sede fixa, que deverá
ser em Assunção, e cinco juízes
permanentes.
De acordo com Malan, a criação
do Instituto Monetário do Mercosul, primeiro passo para a adoção
de uma moeda única em todo o
bloco econômico, será anunciada
no momento oportuno.
Texto Anterior: Petrolíferas entram em conflito com Duhalde Próximo Texto: Em crise, país faz cair o lucro da Telefónica Índice
|