São Paulo, terça-feira, 19 de fevereiro de 2002

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FMI precisa conceder ajuda já, afirma FHC

CLÁUDIA DIANNI
ENVIADA ESPECIAL A BUENOS AIRES

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, na reunião de cúpula do Mercosul, em Buenos Aires, que já está na hora de o FMI (Fundo Monetário Internacional) ajudar a Argentina. Segundo FHC, não é justo que o Fundo exija requisitos antes de liberar o empréstimo.
"Sabemos que essa ajuda requer um esforço da Argentina, mas também sabemos que esse esforço já está acontecendo, e não creio que seja justo pedir à Argentina que primeiro faça tal coisa para depois receber ajuda", disse o presidente. Segundo FHC, o esforço da Argentina e a ajuda financeira do FMI têm de ocorrer simultaneamente.
As declarações foram feitas após o FMI pedir um maior ajuste fiscal das contas das 23 Províncias da Argentina. Antes, o Fundo havia pedido o fim do regime de câmbio duplo e a flutuação da cotação do dólar, medidas que já foram atendidas.
"A Argentina está fazendo um grande esforço, principalmente com as Províncias, para pôr ordem no sistema fiscal", disse FHC. Segundo ele, o Brasil fará o que for "necessário e possível para que a ajuda financeira possa ser processada normalmente".
FHC prometeu insistir no assunto com os primeiros-ministros do Reino Unido e da França, Tony Blair e Lionel Jospin, na próxima semana, na reunião sobre governança progressista, em Estocolmo, na Suécia. "A posição do Brasil é que há condições para uma ajuda mais eficaz."
"Estamos ampliando o grau de informação para os líderes dos países mais importantes do mundo sobre a necessidade de que haja uma ajuda eficaz à Argentina", afirmou FHC.
O presidente disse que o ministro da Fazenda, Pedro Malan, está em contato com o FMI e com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O'Neill, para tratar do assunto.
"A ajuda tem de ser global, não pode ser latino-americana, porque somos pobres, tem de vir dos que têm mais", disse Fernando Henrique.
A reunião não tratou dos problemas comerciais do bloco, mas FHC disse que os especialistas do Brasil e da Argentina continuam procurando soluções para entraves comerciais, inclusive o regime automotivo. O objetivo, de acordo com o presidente, é que a Argentina possa vender mais carros para o Brasil.
Os presidentes assinaram um protocolo para a criação de um tribunal fixo de arbitragem comercial para o Mercosul.
Atualmente, o bloco possui um mecanismo de arbitragem para disputas comerciais sem sede fixa e com três juízes rotativos. O tribunal terá sede fixa, que deverá ser em Assunção, e cinco juízes permanentes.
De acordo com Malan, a criação do Instituto Monetário do Mercosul, primeiro passo para a adoção de uma moeda única em todo o bloco econômico, será anunciada no momento oportuno.



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