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SATÉLITES
Tecsat entra para disputar mercado com os grupos Globo e Abril
TV paga via satélite vai
ganhar novo concorrente
ELVIRA LOBATO
enviada especial a São José dos Campos
Uma empresa de São José dos
Campos (a 97 km de São Paulo),
com apenas 12 anos de existência,
resolveu desafiar os dois grandes
grupos empresariais -Abril e
Globo- que dominam o mercado
de TV paga no Brasil.
A empresa é a Tectelcom Telecomunicações, mais conhecida como Tecsat, que, a partir do mês
que vem, se tornará a terceira operadora de TV paga via satélite para
miniantenas parabólicas do país,
concorrendo com os sistemas DirecTV (da Abril) e Sky (Globo).
A transmissão direta via satélite
para antenas parabólicas com até
60 cm de diâmetro -conhecido
pela sigla DTH ("Direct to Home")- é o sistema de TV paga
que mais cresce no momento.
Com pouco mais de um ano em
funcionamento, a Sky e a DirecTV
já acumulam 179,5 mil assinantes
e, segundo a "Pay TV Survey",
que mede a evolução do mercado,
o número de assinantes das miniparabólicas aumentou 57% no último trimestre do ano passado.
Ainda de acordo com a "Pay TV
Survey", o Brasil tem 2,53 milhões
de assinantes de TV paga, dos
quais 1,75 milhão é atendido por
TVs a cabo.
A Globo e suas associadas do sistema Net têm domínio do mercado, com 68,8% dos assinantes. A
TVA (da qual faz parte a DirecTV)
tem 26,5%. Apenas 4,7% estão
com operadoras independentes.
Fábrica de antenas
É nessa arena que a Tecsat decidiu brigar. Fundada por seis irmãos, a empresa nasceu como fabricante de antenas parabólicas
convencionais, dessas que proliferam tanto em residências de luxo
quanto nas favelas.
A empresa conseguiu impor sua
marca nesse segmento. Estima-se
que haja 6 milhões de antenas parabólicas convencionais instaladas Brasil afora, sendo que 3,7 milhões levam a marca Tecsat.
Hoje, com 1.300 empregados e
faturamento anual de R$ 150 milhões, ela produz também radares
para os aviões caça AMX, equipamentos de controle de tráfego aéreo e sistemas de transmissão digital para emissoras de rádio e TV.
Mais recentemente, passou a produzir fibra ótica.
Nenhuma dessas atividades, porém, se compara à decisão de concorrer com a DirecTV e Sky, que
fazem parte de megaempreendimentos internacionais -cada um
com investimentos totais da ordem de US$ 500 milhões- para
exploração das miniparabólicas
em toda a América Latina.
A DirecTV é uma associação da
Hughes Electronics (indústria fabricante de satélites da General
Motors) com os grupos Cisneros
(Venezuela), Abril (Brasil) e Multivisión (México).
A Sky é um projeto do magnata
mundial das comunicações Rupert Murdoch, da News Corporation, em sociedade com a TCI
(grupo de TV a cabo dos EUA),
com a Televisa (México) e com as
Organizações Globo.
Assim, como entender a entrada
de um grupo relativamente pequeno, familiar e sem parceiro externo num mercado que parecia
reservado para os grandes?
Sem risco
Segundo o diretor de marketing
e novos negócios da Tecsat, Paulo
Roberto Hisse de Castro, 51, a
principal atividade do grupo é a
fabricação de equipamentos e o
único motivo que o está levando a
se tornar operador de TV por satélite foi a impossibilidade de acordo com a Netsat (Sky) e com a
TVA, controladora da DirecTV.
Mais velho dos seis irmãos Castro que dirigem a empresa, com
formação em engenharia, Paulo
Roberto diz que não vê qualquer
risco para a Tecsat nesse novo empreendimento.
Segundo ele, a empresa conhece
bem o mercado, pois já fabricou e
instalou 120 mil parabólicas e decodificadores para o sistema de
TV paga via satélite da Globosat
antes de as Organizações Globo se
associarem a Murdoch para a exploração das miniparabólicas.
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