São Paulo, terça-feira, 19 de março de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COLAPSO DA ARGENTINA

Lenicov é cercado e chamado de "safado e "ladrão"

FABRICIO VIEIRA
DE BUENOS AIRES

Manifestantes invadiram dois prédios públicos na Argentina ontem para fazer protestos bastante distintos. Enquanto o ministro da Economia, Jorge Remes Lenicov, era vítima de um panelaço dentro do prédio dos Tribunais, manifestantes tomavam a Prefeitura de Buenos Aires para pedir a permanência de um funcionário demitido.
Lenicov havia comparecido à Justiça argentina para, em nome do governo, tentar chegar a um acordo com a governadora de San Luis, Alicia Lemme, sobre os depósitos bancários em dólares da Província que estão bloqueados pelo curralzinho.
O ministro teve de esperar por duas horas até que a polícia conseguisse retirar os manifestantes de dentro do prédio e pudesse sair. Aos gritos de "safado" e "ladrão", as cerca de 50 pessoas continuaram em frente ao prédio batendo panelas e pedindo o fim do curralzinho até que Lenicov fosse embora.
Lemme entrou com um processo para tentar reaver os US$ 247 milhões em depósitos da Província que estão retidos. A intenção do governo argentino é conseguir um acordo fora da Justiça, com medo que uma decisão a favor da Província abra um precedente para outros afetados.

Prefeitura
Já no prédio da Prefeitura de Buenos Aires, os manifestantes exigiam que o prefeito Aníbal Ibarra voltasse atrás na decisão de demitir Eduardo Jozami, funcionário que dirige a Comissão Municipal de Moradia.
O grupo de mais de cem manifestantes era formado principalmente por representantes do movimento Federação Terra e Moradia, que reúne desempregados de vários pontos da periferia de Buenos Aires.
Ibarra aceitou receber alguns manifestantes para ouvir suas reclamações. Hoje o prefeito portenho volta a se reunir com representantes dos manifestantes para discutir a permanência de Jozami no cargo.

Piqueteiros
Segundo Luis D'Elía, um dos conhecidos líderes dos "piqueteiros" (como são conhecidos os desempregados que costumam protestar com o fechamento de acessos a rodovias), Jozami sempre trabalhou em favor dos mais pobres, principalmente na negociação de prestações de casas próprias populares.
"A intenção do governo não é a de tirar uma pessoa, mas sim a de terminar com os planos de moradias populares", acusou o líder dos piqueteiros.
A prefeitura de Buenos Aires se defende, alegando que a demissão do funcionário faz parte de reajustes necessários nas contas do governo municipal.



Texto Anterior: Negócio precisa ser aprovado pelo governo
Próximo Texto: Operação de câmbio é vetada a 27 bancos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.