|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COLAPSO DA ARGENTINA
Lenicov é cercado e chamado de "safado e "ladrão"
FABRICIO VIEIRA
DE BUENOS AIRES
Manifestantes invadiram dois
prédios públicos na Argentina
ontem para fazer protestos bastante distintos. Enquanto o ministro da Economia, Jorge Remes
Lenicov, era vítima de um panelaço dentro do prédio dos Tribunais, manifestantes tomavam a
Prefeitura de Buenos Aires para
pedir a permanência de um funcionário demitido.
Lenicov havia comparecido à
Justiça argentina para, em nome
do governo, tentar chegar a um
acordo com a governadora de San
Luis, Alicia Lemme, sobre os depósitos bancários em dólares da
Província que estão bloqueados
pelo curralzinho.
O ministro teve de esperar por
duas horas até que a polícia conseguisse retirar os manifestantes
de dentro do prédio e pudesse
sair. Aos gritos de "safado" e "ladrão", as cerca de 50 pessoas continuaram em frente ao prédio batendo panelas e pedindo o fim do
curralzinho até que Lenicov fosse
embora.
Lemme entrou com um processo para tentar reaver os US$ 247
milhões em depósitos da Província que estão retidos. A intenção
do governo argentino é conseguir
um acordo fora da Justiça, com
medo que uma decisão a favor da
Província abra um precedente para outros afetados.
Prefeitura
Já no prédio da Prefeitura de
Buenos Aires, os manifestantes
exigiam que o prefeito Aníbal
Ibarra voltasse atrás na decisão de
demitir Eduardo Jozami, funcionário que dirige a Comissão Municipal de Moradia.
O grupo de mais de cem manifestantes era formado principalmente por representantes do movimento Federação Terra e Moradia, que reúne desempregados de
vários pontos da periferia de Buenos Aires.
Ibarra aceitou receber alguns
manifestantes para ouvir suas reclamações. Hoje o prefeito portenho volta a se reunir com representantes dos manifestantes para
discutir a permanência de Jozami
no cargo.
Piqueteiros
Segundo Luis D'Elía, um dos conhecidos líderes dos "piqueteiros" (como são conhecidos os desempregados que costumam protestar com o fechamento de acessos a rodovias), Jozami sempre
trabalhou em favor dos mais pobres, principalmente na negociação de prestações de casas próprias populares.
"A intenção do governo não é a
de tirar uma pessoa, mas sim a de
terminar com os planos de moradias populares", acusou o líder
dos piqueteiros.
A prefeitura de Buenos Aires se
defende, alegando que a demissão
do funcionário faz parte de reajustes necessários nas contas do
governo municipal.
Texto Anterior: Negócio precisa ser aprovado pelo governo Próximo Texto: Operação de câmbio é vetada a 27 bancos Índice
|