São Paulo, terça-feira, 19 de março de 2002

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Evento é "copo meio cheio", diz PNUD

DO ENVIADO ESPECIAL A MONTERREY

Acuados pelas críticas das ONGs (organizações não-governamentais) e pelas perguntas da mídia, em tom igualmente crítico, funcionários da ONU pedem que se olhe a Conferência Internacional sobre Financiamento ao Desenvolvimento, aberta ontem, como "um copo meio cheio", não meio vazio.
É o que diz Mark Malloch Brown, administrador do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
Se o copo estivesse apenas meio vazio, ainda seria um êxito. O problema é que a água (da ajuda ao desenvolvimento) não chega a tanto. Os funcionários internacionais saúdam, por exemplo, os anúncios de Estados Unidos e União Européia de que vão aumentar a ODA (Assistência Oficial ao Desenvolvimento), feitos antes mesmo de começar a Conferência.
Mas os US$ 5 bilhões anunciados por George W. Bush representam apenas 0,02% do PIB norte-americano, o que eleva a ODA da principal potência do planeta a 0,12%, longe da meta de 0,70% fixada há 32 anos pela ONU.
No caso da Europa, a proposta é elevar para 0,39% até 2006 a contribuição ao desenvolvimento, quando a média européia hoje é de 0,33%. Ainda assim, fica longe do 0,70%.
Por que festejar então? "Porque nos últimos 15 anos, a ODA estava morta", responde a embaixadora sueca Ruth Jacoby, co-presidente do comitê preparatório para Monterrey (a Suécia, aliás, é um dos cinco países que cumprem a meta de 0,70%).
Brown reconhece que, "em termos de recursos, os anúncios feitos não atendem às necessidades, mas, em termos políticos, significam a reversão da tendência à queda da ODA".
Mas não é apenas na assistência ao desenvolvimento para os países pobres que ficou aguado o Consenso de Monterrey, o documento final da conferência (ver quadro).
No capítulo sobre o comércio como ferramenta para o desenvolvimento dos países pobres e médios, "gostaríamos de ver mais", admite Lennart Bage, presidente do Ifad (Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura). (CR)


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