São Paulo, sábado, 19 de maio de 2001

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SALTO NO ESCURO

Indústria deverá economizar até 25%

Percentual é calculado sob o consumo médio de energia entre maio e julho de 2000; regra é igual para o comércio

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A indústria e o comércio serão obrigados a economizar até 25% do consumo médio de energia entre maio e julho do ano passado para evitar tarifaços e cortes de fornecimento.
Para os consumidores industriais e comerciais de baixa tensão, a meta de redução no consumo é de 20%. Para os que estão ligados à rede de alta tensão, a economia variará de 15% a 25%.
Isso será calculado de acordo com o nível de tensão usado pela empresa e ainda dependerá do setor a que pertence. A indústria eletrointensiva -que consome muita energia- deverá ser penalizada com as metas mais duras.
"Vamos preservar os setores cujas empresas agregam mais valor. Os eletrointensivos agregam pouco valor e são grandes consumidores. Ele podem dar mais e o governo vai pedir uma contribuição maior", afirmou o "ministro do apagão", Pedro Parente.
As medidas anunciadas ontem estabelecem que as empresas de baixa tensão que não cumprirem a meta de consumo pagarão caro pela energia consumida a mais. Será cobrado o preço praticado no MAE (Mercado Atacadista de Energia), em que a energia pode custar entre três e quatro vezes mais.
O que a empresa economizar além da meta poderá ser vendido às distribuidoras, também pelo preço do MAE.
Outra opção é acumular o que foi poupado a mais para consumo futuro -a única situação em que a empresa poderá ultrapassar a meta de redução sem ser punida.
A indústria e o comércio de alta tensão poderão vender a energia economizada além da meta diretamente no MAE. Também terão a possibilidade de acumular para uso posterior.
"Será como um sistema de conta corrente, mas sem direito a cheque especial. Será preciso ter saldo", disse Parente.

Corte
Além dos preços mais altos, o consumo além das cotas poderá implicar corte de energia para as empresas. A suspensão do fornecimento será proporcional à meta de redução do setor, variando de quatro dias e meio (meta de 15%) a sete dias e meio (meta de 25%).
O ministro disse que na próxima semana o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Francisco Gros, detalhará as metas por setor produtivo.
As empresas que quiserem ampliar suas metas de redução de consumo em determinado mês ainda poderão recorrer ao MAE para comprar energia.
Segundo o secretário de Energia do Estado de São Paulo e um dos integrantes do "ministério do apagão", Mauro Arce, isso não comprometerá as metas globais de redução de energia, pois uma empresa só poderá comprar no MAE se outra vender seu excedente. Essa compensação manteria o equilíbrio do sistema.


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