|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fiesp defende apagão
voluntário e aceita plano
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A indústria deve fazer "apagões
voluntários" para tentar se encaixar na cota de racionamento determinada ontem pelo governo. A
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo) defendeu
ontem essa idéia. A direção tem
informado a seus associados que
desligar as linhas de produção é
melhor do que ultrapassar a cota
de consumo anunciada ontem.
O governo informou que a indústria terá de consumir entre
75% e 85% do consumo médio registrado em maio, junho e julho.
O problema é que, se as empresas extrapolarem esse limite de
consumo definido, elas terão
poucas saídas. Ou sua energia pode ser cortada por dias ou as empresas precisarão buscar mais eletricidade no mercado livre, que
cobra caro pelo kWh. Essas duas
medidas também foram anunciadas pelo governo ontem e fazem
parte do plano de racionamento.
"Não há como repassar um aumento nos custos que tivermos se
for preciso comprar energia muito cara. Então prefiro que o empresário pare a fábrica por algumas horas ao dia", diz Pio Gavazzi, diretor da Fiesp.
A federação considerou o plano
de racionamento "o menor dos
males", segundo Gavazzi. E chegou até mesmo a qualificá-lo como bom. "O governo colocou o
bode na sala. Ou seja, questionou
fazer apagão. Agora, tiramos o
bode de lá", disse o diretor.
A entidade ainda não sabe dizer
o impacto das medidas na produção e no emprego. Informou ainda que sua orientação aos associados é que comecem já o racionamento. "Quanto antes melhor,
pois poderemos economizar menos no futuro", afirmou o diretor.
Revisão das medidas
A Fiesp está mais aliviada porque o apagão está, pelo menos
temporariamente, descartado. Isso caso as medidas de redução no
consumo surtam efeito. A Fiesp
defendia há meses apenas o emprego de cotas diferentes para cada setor. Essa posição da Fiesp foi,
em parte, aceita pelo governo, já
que haverá cotas para empresas
com alta e baixa tensão.
Gavazzi disse ainda que Pedro
Parente, que coordena a Câmara
de Energia, informou que poderá
rever a medida que impede que
novos investimentos da indústria
-que ainda não solicitaram
energia extra- recebam luz.
Imposição
Mesmo com a defesa da Fiesp
pelo "apagão voluntário", algumas indústrias dizem que qualquer paralisação na produção será, na verdade, obrigatória.
"Se tivermos que reduzir produção, não será algo nada voluntário, muito pelo contrário", diz
Edmundo Klotz, presidente da
Abia (Associação Brasileira das
Indústrias de Alimentos).
O setor de eletroeletrônicos pode seguir caminho diferente. A
LG, por exemplo, afirmou que
não irá parar suas linhas. "Vamos
manter tudo como está e tentar
não repassar nosso aumento nos
custos se comprarmos energia
mais cara", disse o diretor Mário
Kudo.
Texto Anterior: Indústria deverá economizar até 25% Próximo Texto: País poderá ter desabastecimento de comida Índice
|