São Paulo, sábado, 19 de maio de 2001

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Fiesp defende apagão voluntário e aceita plano

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria deve fazer "apagões voluntários" para tentar se encaixar na cota de racionamento determinada ontem pelo governo. A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) defendeu ontem essa idéia. A direção tem informado a seus associados que desligar as linhas de produção é melhor do que ultrapassar a cota de consumo anunciada ontem.
O governo informou que a indústria terá de consumir entre 75% e 85% do consumo médio registrado em maio, junho e julho.
O problema é que, se as empresas extrapolarem esse limite de consumo definido, elas terão poucas saídas. Ou sua energia pode ser cortada por dias ou as empresas precisarão buscar mais eletricidade no mercado livre, que cobra caro pelo kWh. Essas duas medidas também foram anunciadas pelo governo ontem e fazem parte do plano de racionamento.
"Não há como repassar um aumento nos custos que tivermos se for preciso comprar energia muito cara. Então prefiro que o empresário pare a fábrica por algumas horas ao dia", diz Pio Gavazzi, diretor da Fiesp.
A federação considerou o plano de racionamento "o menor dos males", segundo Gavazzi. E chegou até mesmo a qualificá-lo como bom. "O governo colocou o bode na sala. Ou seja, questionou fazer apagão. Agora, tiramos o bode de lá", disse o diretor.
A entidade ainda não sabe dizer o impacto das medidas na produção e no emprego. Informou ainda que sua orientação aos associados é que comecem já o racionamento. "Quanto antes melhor, pois poderemos economizar menos no futuro", afirmou o diretor.

Revisão das medidas
A Fiesp está mais aliviada porque o apagão está, pelo menos temporariamente, descartado. Isso caso as medidas de redução no consumo surtam efeito. A Fiesp defendia há meses apenas o emprego de cotas diferentes para cada setor. Essa posição da Fiesp foi, em parte, aceita pelo governo, já que haverá cotas para empresas com alta e baixa tensão.
Gavazzi disse ainda que Pedro Parente, que coordena a Câmara de Energia, informou que poderá rever a medida que impede que novos investimentos da indústria -que ainda não solicitaram energia extra- recebam luz.

Imposição
Mesmo com a defesa da Fiesp pelo "apagão voluntário", algumas indústrias dizem que qualquer paralisação na produção será, na verdade, obrigatória.
"Se tivermos que reduzir produção, não será algo nada voluntário, muito pelo contrário", diz Edmundo Klotz, presidente da Abia (Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos).
O setor de eletroeletrônicos pode seguir caminho diferente. A LG, por exemplo, afirmou que não irá parar suas linhas. "Vamos manter tudo como está e tentar não repassar nosso aumento nos custos se comprarmos energia mais cara", disse o diretor Mário Kudo.



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