|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Judiciário faz crítica ao governo
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A "imprevidência", a "incúria"
e a "falta de planejamento" do governo no trato da questão energética colocaram o país em "um
quase estado de calamidade pública" e determinarão o ingresso
de ações no Poder Judiciário por
quem se julgar prejudicado pelas
medidas de racionamento de luz.
As críticas e a previsão foram
feitas ontem, em Porto Alegre, pelo presidente do STJ (Superior
Tribunal de Justiça), Paulo Costa
Leite.
Ele disse que o governo "errou"
ao não investir na construção de
novas usinas, rejeitando a alegação de que o problema deve ser
atribuído a São Pedro, ou seja, à
falta de chuva.
Falando em tese, sem querer entrar no mérito da questão, o ministro declarou que "quem acarreta prejuízo tem que suportar o
ônus decorrente desse prejuízo".
Ele deu como exemplo de eventuais prejudicados pela crise energética empresas que tenham sua
produção reduzida e trabalhadores que venham a ser demitidos
em consequência do fato.
"Esses provavelmente baterão
às portas do Judiciário, que vai dizer se terão ou não direito no momento próprio. O interesse coletivo sempre sobrepaira em relação
aos interesses individuais. Mas isso tem de ser examinado caso a
caso. O direito individual também não pode sofrer uma lesão
em razão simplesmente de uma
alegação de interesse coletivo."
Para Costa Leite, a crise energética está colocada dentro de uma
"área cinzenta", envolta em "nebulosidade", podendo ser mais
grave do que aparenta.
"As informações estão sendo
passadas à sociedade em conta-gotas. A cada dia recebemos uma
informação. Mas ainda não temos
idéia do que isso representa em
termos definitivos. Espera-se que
o presidente da República, no seu
pronunciamento, diga à nação o
que efetivamente vai acontecer",
afirmou Costa Leite.
O presidente da Associação dos
Juízes Federais do Brasil, Flávio
Dino, que participou com Costa
Leite de reunião do Conselho da
Justiça Federal, na capital gaúcha,
disse que "já se ensaiam teses de
que a aplicação de multa, para
quem consumir energia acima do
que o governo deseja, teria uma
impossibilidade de essência".
Texto Anterior: Procon e Idec vão à Justiça contra cortes Próximo Texto: Sanção está em desacordo com a Constituição Índice
|