São Paulo, sábado, 19 de maio de 2001

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VIZINHO EM CRISE

Governo pede autorização à CVM dos EUA para emitir US$ 15,5 bi, o que aliviará as necessidades do país

Argentina avança na megatroca de títulos

ROGERIO WASSERMANN
DE BUENOS AIRES

O governo argentino pediu ontem autorização à "Securities and Exchange Commission" (SEC), a comissão de valores dos EUA, para emitir e cotizar no mercado internacional US$ 15,5 bilhões em títulos públicos, em um avanço na preparação para a megatroca de títulos da dívida pública.
A megatroca, que deve atingir cerca de US$ 20 bilhões, segundo estimativas do próprio governo, servirá para aliviar as necessidades financeiras do país no curto prazo e afastar o risco de moratória. Deverão ser trocados títulos de curto e médio prazo (até 2005) por outros papéis com vencimento de até 30 anos.
Na quarta-feira, o presidente De la Rúa havia assinado um decreto autorizando a troca de até US$ 25 bilhões em títulos. Já havia uma autorização anterior para outros US$ 4 bilhões. A diferença entre os valores, segundo analistas consultados pela Folha, é explicada pela provável emissão de novos títulos de médio prazo para o mercado interno, que não necessitam de aprovação na comissão de valores norte-americana.
O total de US$ 29 bilhões (os US$ 25 bilhões autorizados quarta-feira e os US$ 4 bilhões autorizados anteriormente) é o montante em títulos públicos passíveis de serem trocados, mas o valor atingido deve ser menor, porque detentores de títulos podem preferir ficar com seus papéis atuais.
À espera da troca, que poderia acontecer, segundo informações extra-oficiais, no início de junho, o mercado financeiro voltou a reagir bem ontem, com uma nova queda no risco-país (índice que mede a sobretaxa paga pelo país ao tomar empréstimos em relação ao que pagam os EUA). O índice perdeu ontem 30 pontos, chegando ao final do dia em 961 (9,61% de sobretaxa). Apesar da quinta queda consecutiva, ainda estava muito acima do considerado ideal para evitar o pagamento de altas taxas de juros na megatroca. As cotações dos títulos da dívida argentina também voltaram a subir. Desde a segunda-feira, os FRBs, principais títulos negociados no mercado externo, subiram 6,8%.
O vice-ministro da Economia, Daniel Marx, disse ontem que a troca pode sair em duas semanas. Segundo ele, ela "não solucionará os problemas da economia argentina, mas diminuirá a pressão sobre os próximos vencimentos".
"Não se deve confundir a ferramenta com o objetivo. A troca é uma ferramenta, com a qual se espera alcançar o objetivo [a reativação econômica"", disse.


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