São Paulo, sábado, 19 de maio de 2007

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Bolsa e risco têm recordes na semana

Mercado questiona fôlego da Bovespa para bater sucessivos patamares no ano e teme uma fase de ajuste nos preços

Dólar caiu 2,82% e encerrou semana a R$ 1,962; risco-país também teve recorde de baixa; mercado se divide em relação a corte de juros


TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A melhora na avaliação de risco e a previsão de uma forte entrada de dinheiro no Brasil levaram o mercado financeiro a uma semana de recordes na Bolsa e na taxa de risco-país.
A semana em que o dólar comercial rompeu a barreira de R$ 2,00 foi sinônimo de perdas para muitos investidores, mas também de lucros para quem apostou na melhora geral dos preços de ações e títulos.
A Bovespa encerrou a semana com ganho de 2,31% e já contabiliza uma alta de 17,1% no ano. O indicador passou ontem pela primeira vez dos 52 mil pontos, encerrando o dia com 52.077. Foi o 18º recorde consecutivo quebrado pela Bolsa paulista apenas neste ano. Só ontem, a alta foi de 0,86%.
Investidores questionam até quando a Bolsa continuará com esse ritmo de alta. "A Bolsa em 52 mil pontos traz a dúvida sobre o momento em que virá um ajuste. E isso piora após a temporada de balanços e com poucas notícias", disse Andre Ng, da Infinity Asset.
A alta da Bolsa paulista segue o otimismo no mercado norte-americano com a melhora no sentimento do consumidor e a expectativa de acontecerem fusões e aquisições. Com expansão ontem de 0,59%, o índice Dow Jones da Bolsa de Nova York bateu em 13.556 pontos, o maior patamar de sua história. Termômetro dos negócios nos EUA, o índice mede o desempenho dos papéis de das 30 maiores empresas do país, todas líderes em seus setores.
Operadores afirmam que o tema de discussão da próxima semana serão os juros. A expectativa cada vez mais dominante é que o Copom possa reduzir a Selic, taxa básica de juros, em meio ponto, para 12%. Mas isso está longe de ser consenso. "Um corte de meio ponto agora chamaria a atenção para mudança no comportamento do Copom, algo que não aconteceu nos últimos cinco anos do governo Lula", disse Elson Teles, da corretora Concórdia.
A divisão do mercado foi notada inclusive na negociação de juros futuros na BM&F, que, após a euforia vista no início da semana com o recuo do dólar, teve ontem um momento de reavaliação. O contrato de DI para janeiro de 2010, o segundo mais negociado, fechou com juros de 10,21% -acima dos 10,15% da véspera.
O dólar terminou a semana a R$ 1,962, com alta de 0,46% no dia, mas com baixa de 2,82% na semana. O Banco Central interveio no mercado à vista no horário do almoço, mesmo com a alta da moeda, e comprou dólares a R$ 1,966. Operadores afirmam que o volume foi baixo.
No mercado de títulos externos, o destaque ficou para o risco-país, medido pelo JP Morgan, que testou ontem o piso de 140 pontos, menor pontuação já atingida pelo Brasil. Terminou o dia a 141 pontos, ainda em recorde de fechamento. O indicador sinaliza ao investidor o quanto acima dos títulos americanos deve pedir para comprar um papel brasileiro.


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