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Moedas de parceiros comerciais do país também perdem valor em relação ao real
DA REPORTAGEM LOCAL
Além do dólar, que desaba
em todo o mundo, as moedas
dos principais parceiros comerciais brasileiros perderam
valor de compra em relação ao
real -só que num ritmo mais
razoável. Os exportadores brasileiros, no entanto, enfrentam
limitações técnicas para fecharem contratos em outras moedas, fato que diminuiria a exposição ao risco cambial específico do dólar americano.
Caso de sucesso de diversificação de risco, os contratos expressos em euros já chegam a
30% do comércio exterior, segundo estimativa dos exportadores. Juntos, os países da
União Européia são o maior
parceiro comercial do Brasil,
com exportações de US$ 11,76
bilhões e importações de US$
7,51 bilhões de janeiro a abril.
Nos contratos, os europeus
impõem o euro, que teve desvalorização de 6,81% neste ano
em relação ao real -abaixo da
perda de 8,28% do dólar americano. Vale lembrar que a recente mudança no câmbio tem seu
efeito atrasado no comércio internacional, que trabalha com
prazos de um ano, tempo de duração dos financiamentos.
"Quem pôde saiu do dólar e
adotou o euro nos contratos de
exportação. Isso acontece bastante com as empresas de origem européia, inclusive nos negócios dentro da América Latina", disse José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB
(Associação Brasileira de Comércio Exterior).
Mínimos, os benefícios param por aí. A Argentina, um dos
principais parceiros comerciais
do Brasil, que somou de janeiro
a abril exportações de US$ 3,94
bilhões e importações de US$
3,02 bilhões, ainda tem seus
contratos expressos em dólares. O poder de compra do peso
argentino caiu 8,81% em relação ao real neste ano, ainda
mais do que o dólar. "O que vemos agora é a Argentina exportando cada vez mais para o Brasil, aproveitando o câmbio.
Além do real sobrevalorizado,
os argentinos têm o peso subvalorizado, o que faz a balança
comercial pender hoje para o
país vizinho."
A última reunião da Camex,
em abril, discutiu a negociação
expressa em reais entre os países do Mercosul. O modelo já
foi aprovado pelos BC do Brasil
e da Argentina, mas depende
ainda de ser referendada em
reunião de ministros do Mercosul. Roberto Segatto, presidente da Abracex (Associação
Brasileira de Comércio Exterior), acredita que o comércio
Brasil-Argentina deverá adotar
cada vez mais o real nos contratos, devido a facilidades regionais de negociação.
A maior parte da exportação
de manufaturados tem como
destino os EUA, maior parceiro
comercial isolado do Brasil,
com exportações de US$ 7,69
bilhões e importações de US$
5,45 bilhões neste ano. O comércio com a China está entre
os que mais crescem. Hoje, o
Brasil já importa mais do exporta para os chineses, com balança comercial deficitária de
US$ 363 milhões de janeiro a
abril. Com o Japão, acontece o
mesmo: saldo comercial negativo em US$ 27 milhões. Com
exceção dos europeus, todos os
demais contratos comerciais
são expressos em dólares.
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