São Paulo, sábado, 19 de maio de 2007

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Moedas de parceiros comerciais do país também perdem valor em relação ao real

DA REPORTAGEM LOCAL

Além do dólar, que desaba em todo o mundo, as moedas dos principais parceiros comerciais brasileiros perderam valor de compra em relação ao real -só que num ritmo mais razoável. Os exportadores brasileiros, no entanto, enfrentam limitações técnicas para fecharem contratos em outras moedas, fato que diminuiria a exposição ao risco cambial específico do dólar americano.
Caso de sucesso de diversificação de risco, os contratos expressos em euros já chegam a 30% do comércio exterior, segundo estimativa dos exportadores. Juntos, os países da União Européia são o maior parceiro comercial do Brasil, com exportações de US$ 11,76 bilhões e importações de US$ 7,51 bilhões de janeiro a abril.
Nos contratos, os europeus impõem o euro, que teve desvalorização de 6,81% neste ano em relação ao real -abaixo da perda de 8,28% do dólar americano. Vale lembrar que a recente mudança no câmbio tem seu efeito atrasado no comércio internacional, que trabalha com prazos de um ano, tempo de duração dos financiamentos.
"Quem pôde saiu do dólar e adotou o euro nos contratos de exportação. Isso acontece bastante com as empresas de origem européia, inclusive nos negócios dentro da América Latina", disse José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação Brasileira de Comércio Exterior).
Mínimos, os benefícios param por aí. A Argentina, um dos principais parceiros comerciais do Brasil, que somou de janeiro a abril exportações de US$ 3,94 bilhões e importações de US$ 3,02 bilhões, ainda tem seus contratos expressos em dólares. O poder de compra do peso argentino caiu 8,81% em relação ao real neste ano, ainda mais do que o dólar. "O que vemos agora é a Argentina exportando cada vez mais para o Brasil, aproveitando o câmbio. Além do real sobrevalorizado, os argentinos têm o peso subvalorizado, o que faz a balança comercial pender hoje para o país vizinho."
A última reunião da Camex, em abril, discutiu a negociação expressa em reais entre os países do Mercosul. O modelo já foi aprovado pelos BC do Brasil e da Argentina, mas depende ainda de ser referendada em reunião de ministros do Mercosul. Roberto Segatto, presidente da Abracex (Associação Brasileira de Comércio Exterior), acredita que o comércio Brasil-Argentina deverá adotar cada vez mais o real nos contratos, devido a facilidades regionais de negociação.
A maior parte da exportação de manufaturados tem como destino os EUA, maior parceiro comercial isolado do Brasil, com exportações de US$ 7,69 bilhões e importações de US$ 5,45 bilhões neste ano. O comércio com a China está entre os que mais crescem. Hoje, o Brasil já importa mais do exporta para os chineses, com balança comercial deficitária de US$ 363 milhões de janeiro a abril. Com o Japão, acontece o mesmo: saldo comercial negativo em US$ 27 milhões. Com exceção dos europeus, todos os demais contratos comerciais são expressos em dólares.


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