São Paulo, sábado, 19 de maio de 2007

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China sobe os juros e mexe no câmbio

Ampliação da margem diária de flutuação do yuan de 0,3% para 0,5% é vista como gesto político para os Estados Unidos

Investimentos sobem 25,5% nos quatro primeiros meses do ano, enquanto produção industrial tem alta de 18%, e vendas no varejo, de 15,1%


Eugene Hoshiko/Associated Press
Funcionária de casa de câmbio com notas de yuan em Xangai


CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A China ampliou ontem pela primeira vez desde julho de 2005 a margem na qual o yuan pode flutuar em relação ao dólar, em um gesto de boa vontade para os Estados Unidos na véspera de reunião de cúpula que discutirá a relação comercial entre os dois países na próxima semana, em Washington.
O Banco do Povo da China anunciou ainda duas outras medidas para tentar conter o forte ritmo de crescimento do país: elevou a taxa de juros pela quarta vez em pouco mais de um ano e aumentou a quantidade de dinheiro que os bancos devem manter imobilizado, sem emprestar, a oitava alta do tipo em 11 meses.
A China cresceu 10,7% em 2006, maior índice em 11 anos.
O anúncio conjunto de três medidas logo depois do fechamento do mercado surpreendeu, mas seu efeito prático deve ser bastante limitado.
No caso do câmbio, o governo ampliou de 0,3% para 0,5% a margem na qual o yuan pode flutuar diariamente em relação ao dólar, para cima ou para baixo. A mudança foi considerada mais simbólica do que efetiva por analistas de mercado.
"O aumento da banda de flutuação do yuan é mais um gesto de caráter político em direção aos Estados Unidos, já que a banda anterior nunca foi testada", disse Jonathan Anderson, economista-chefe para a Ásia do UBS. Ou seja, a moeda chinesa nunca chegou a subir ou descer 0,3% em relação ao dólar em um único dia desde que a China mudou seu regime cambial, em julho de 2005.
Comunicado divulgado no site do Banco do Povo da China deixou claro que o governo continuará com sua política de apreciação gradual do yuan. "[A mudança] não significa que veremos grandes altas e baixas nem grandes apreciações [da moeda]". Quando mudou seu regime cambial, em julho de 2005, a China valorizou o yuan em 2,1%. Desde então, a moeda teve alta adicional um pouco superior a 5%.
As outras duas mudanças anunciadas ontem também são homeopáticas. Os juros de um ano para empréstimos subiu 0,18 ponto percentual, para 6,57%, enquanto os que remuneram depósitos de mesmo prazo passou de 2,79% para 3,06%, alta de 0,27 ponto.

Compulsórios
Já a quantidade de depósitos que os bancos têm de manter imobilizado (o depósito compulsório) subiu 0,5 ponto percentual, para 11,5%. Com a medida, o Banco do Povo da China tenta reduzir a quantidade de dinheiro em circulação na economia e restringir a oferta de crédito para empresas.
As sucessivas altas de juros e do depósito compulsório realizadas desde o ano passado tiveram pouco impacto sobre a atividade econômica.
Dados oficiais divulgados ontem mostram que o volume de investimentos no primeiro quadrimestre aumentou 25,5%, mais do que a alta de 24,5% registrada em 2006. A produção industrial cresceu 18% no mesmo período, e as vendas no varejo, 15,1%.


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