UOL


São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Fiesp previa a redução do compulsório já; Abdib diz que meio ponto de corte não é nada para a economia real

Para indústria, medida não evita recessão

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A redução de meio ponto percentual nas taxas de juros não apaziguou os representantes do setor industrial. Pelo contrário.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) sustentou que a decisão foi ""correta", mas cobrou redução dos depósitos compulsórios (recursos que as instituições financeiras são obrigadas a manter no Banco Central). De sua parte, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) qualificou como "frustrante" a decisão do BC e afirmou que ela "agrava o quadro de recessão".
Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp, argumentou que, mesmo com efeito positivo sobre a confiança de consumidores e investidores, a medida ""é insuficiente para resgatar a economia de sua trajetória descendente".
"Para que o ganho de confiança se traduza em mais gastos, temos que desobstruir o canal de crédito. Sem isso, o alento para a atividade econômica será mínimo ou imperceptível", disse Piva. ""Por esse motivo, esperávamos redução das alíquotas de compulsório já nesta reunião do Copom."
A Fiesp defende que o BC concentre atenção na meta de inflação para 2004. "Ficar preso à visão de curto prazo é punir quem mobiliza o capital e pensa longe, o setor produtivo", disse Piva.
"É lamentável que o BC tenha decidido por tal [nível de] redução. Não há novas pressões inflacionárias que possam ser identificadas", afirmou Armando Monteiro Neto, presidente da CNI.
De acordo com o dirigente, além de ""frustrar a expectativa do setor produtivo", a decisão ""coloca a indústria diante do risco de aprofundamento do quadro recessivo no qual já se encontra".
"Na realidade, o que o governo faz agora é impor à sociedade um aumento na taxa real de juros. Não nos iludamos. Não houve redução da taxa de juros real. Houve redução discreta na taxa de juros nominal, mas os juros reais aumentaram", disse o presidente da CNI. A taxa real de juros é a taxa básica (ou seja, os 26% ao ano) descontada a inflação.
"Meio ponto percentual não é nada para a economia real. No entanto, tem efeito positivo para diminuir o nervosismo na sociedade e indicar que a queda é uma meta do governo", disse José Augusto Marques, presidente da Abdib (reúne a indústria de base).


Texto Anterior: Para comércio, impacto será só psicológico
Próximo Texto: Itaú e Bradesco fazem redução de taxas
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.