|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fiesp previa a redução do compulsório já; Abdib diz que meio ponto de corte não é nada para a economia real
Para indústria, medida não evita recessão
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A redução de meio ponto percentual nas taxas de juros não
apaziguou os representantes do
setor industrial. Pelo contrário.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) sustentou que a decisão foi ""correta",
mas cobrou redução dos depósitos compulsórios (recursos que as
instituições financeiras são obrigadas a manter no Banco Central). De sua parte, a CNI (Confederação Nacional da Indústria)
qualificou como "frustrante" a
decisão do BC e afirmou que ela
"agrava o quadro de recessão".
Horacio Lafer Piva, presidente
da Fiesp, argumentou que, mesmo com efeito positivo sobre a
confiança de consumidores e investidores, a medida ""é insuficiente para resgatar a economia
de sua trajetória descendente".
"Para que o ganho de confiança
se traduza em mais gastos, temos
que desobstruir o canal de crédito. Sem isso, o alento para a atividade econômica será mínimo ou
imperceptível", disse Piva. ""Por
esse motivo, esperávamos redução das alíquotas de compulsório
já nesta reunião do Copom."
A Fiesp defende que o BC concentre atenção na meta de inflação para 2004. "Ficar preso à visão
de curto prazo é punir quem mobiliza o capital e pensa longe, o setor produtivo", disse Piva.
"É lamentável que o BC tenha
decidido por tal [nível de] redução. Não há novas pressões inflacionárias que possam ser identificadas", afirmou Armando Monteiro Neto, presidente da CNI.
De acordo com o dirigente,
além de ""frustrar a expectativa do
setor produtivo", a decisão ""coloca a indústria diante do risco de
aprofundamento do quadro recessivo no qual já se encontra".
"Na realidade, o que o governo
faz agora é impor à sociedade um
aumento na taxa real de juros.
Não nos iludamos. Não houve redução da taxa de juros real. Houve redução discreta na taxa de juros nominal, mas os juros reais
aumentaram", disse o presidente
da CNI. A taxa real de juros é a taxa básica (ou seja, os 26% ao ano)
descontada a inflação.
"Meio ponto percentual não é
nada para a economia real. No entanto, tem efeito positivo para diminuir o nervosismo na sociedade e indicar que a queda é uma
meta do governo", disse José Augusto Marques, presidente da Abdib (reúne a indústria de base).
Texto Anterior: Para comércio, impacto será só psicológico Próximo Texto: Itaú e Bradesco fazem redução de taxas Índice
|