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São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

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PERCEPÇÃO

Para economista, com controle da inflação, queda do juro será constante

"Risco interno" é maior que risco-país

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O descrédito do Banco Central no governo Lula é quase duas vezes maior do que o dos bancos internacionais. É o que mostram as taxas de juros internas, diz Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Heron diz que enquanto o risco internacional, o chamado risco-país, está próximo de 700 pontos, o dos juros internos aponta para 1.800 pontos. Para chegar a esse dado, o economista considerou a nova taxa básica de juros de 26% e uma estimativa de 7% de inflação prevista para os próximos 12 meses. Considerando esse período, o juro real é de 18 pontos percentuais. Transformada essa taxa nos critérios internacionais de risco, o índice é de 1.800 pontos.
Agora que o governo iniciou a queda dos juros, Heron diz que é importante saber qual vai ser a trajetória dessa redução. Na sua visão, o ritmo de queda deverá ser acentuado e persistente.
A redução do juro diminui, inclusive, a participação do governo na busca por crédito. O governo está pagando taxas absurdas e gera uma escassez de crédito no mercado, o que leva parte dos cidadãos ao cheque especial. "O cheque especial é uma legalização da agiotagem", conclui.
O economista acredita que a tendência de queda dos juros a partir de agora será constante porque "não há no horizonte nenhum problema que afete a taxa inflacionária". Nos últimos 30 dias até 15 deste mês, a inflação recuou para 0,23% em São Paulo. A taxa anterior era de 0,28%.
Heron diz que dois itens -energia elétrica e arroz- que encabeçam as altas geraram inflação de 0,34% no período. Já as duas maiores quedas -gasolina e álcool combustível- geraram deflação de 0,20%.
Mais um índice da FGV (Fundação Getúlio Vargas), apontou deflação recorde. O IGP-10 (Índice Geral de Preços-10) registrou queda de 0,59% em junho -a menor taxa desde que o indicador foi criado, em setembro de 1993. Em maio, o índice havia ficado em 0,02%.
Segundo Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV, os resultados do IGP-10, pesquisado entre 11 de maio e 10 de junho, já mostram como uma das causas da queda dos preços a retração da demanda, sob efeito dos juros altos.


Colaborou a Sucursal do Rio


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