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PERCEPÇÃO
Para economista, com controle da inflação, queda do juro será constante
"Risco interno" é maior que risco-país
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
O descrédito do Banco Central
no governo Lula é quase duas vezes maior do que o dos bancos internacionais. É o que mostram as
taxas de juros internas, diz Heron
do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da
Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Heron diz que enquanto o risco
internacional, o chamado risco-país, está próximo de 700 pontos,
o dos juros internos aponta para
1.800 pontos. Para chegar a esse
dado, o economista considerou a
nova taxa básica de juros de 26% e
uma estimativa de 7% de inflação
prevista para os próximos 12 meses. Considerando esse período, o
juro real é de 18 pontos percentuais. Transformada essa taxa nos
critérios internacionais de risco, o
índice é de 1.800 pontos.
Agora que o governo iniciou a
queda dos juros, Heron diz que é
importante saber qual vai ser a
trajetória dessa redução. Na sua
visão, o ritmo de queda deverá ser
acentuado e persistente.
A redução do juro diminui, inclusive, a participação do governo
na busca por crédito. O governo
está pagando taxas absurdas e gera uma escassez de crédito no
mercado, o que leva parte dos cidadãos ao cheque especial. "O
cheque especial é uma legalização
da agiotagem", conclui.
O economista acredita que a
tendência de queda dos juros a
partir de agora será constante
porque "não há no horizonte nenhum problema que afete a taxa
inflacionária". Nos últimos 30
dias até 15 deste mês, a inflação recuou para 0,23% em São Paulo. A
taxa anterior era de 0,28%.
Heron diz que dois itens
-energia elétrica e arroz- que
encabeçam as altas geraram inflação de 0,34% no período. Já as
duas maiores quedas -gasolina e
álcool combustível- geraram
deflação de 0,20%.
Mais um índice da FGV (Fundação Getúlio Vargas), apontou deflação recorde. O IGP-10 (Índice
Geral de Preços-10) registrou queda de 0,59% em junho -a menor
taxa desde que o indicador foi
criado, em setembro de 1993. Em
maio, o índice havia ficado em
0,02%.
Segundo Salomão Quadros,
coordenador de análises econômicas da FGV, os resultados do
IGP-10, pesquisado entre 11 de
maio e 10 de junho, já mostram
como uma das causas da queda
dos preços a retração da demanda, sob efeito dos juros altos.
Colaborou a Sucursal do Rio
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