UOL


São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O PAPEL DOS BANCOS

Sistema financeiro do país oferece pouco crédito e apresenta baixa eficiência, diz estudo do Fundo

FMI critica concentração bancária no Brasil

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os bancos no Brasil são pouco competitivos e funcionam como um oligopólio em que poucas instituições controlam o mercado. Essa é uma das principais conclusões de um relatório divulgado ontem à noite pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) segundo o qual o sistema financeiro do país oferece pouco crédito e apresenta baixa eficiência.
O documento, escrito por Agnès Belaisch, técnica do Departamento do Hemisfério Ocidental do organismo, diz que o sistema bancário brasileiro deixa a desejar em relação à intermediação - atividade pela qual as instituições direcionam recursos de depósitos para empréstimos. Diz ainda que grandes bancos, com mais de R$ 5 bilhões de ativos, têm mais recursos aplicados em títulos do que em operações de crédito.
Segundo o documento, existem evidências "empíricas" de que "os bancos brasileiros se comportam de forma oligopolista".
"A imagem que emerge no Brasil é de um sistema financeiro onde o papel tradicional de banco como intermediário de poupanças, coletando depósitos para estender o crédito, não predomina. Bancos são um operador significativo dos mercados de capitais, onde investem em títulos como uma forma principal de negócio", diz trecho do documento.
A autora cita as brutais diferenças do Brasil em comparação a outros países. Mostra que o sistema financeiro brasileiro tem um percentual de ativos totais em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) de 77,1%, bem próximo ao dos Estados Unidos (77,3%). Mas, quando se trata de volume de crédito, o cenário é bem diferente: o percentual de empréstimos em relação ao PIB no Brasil é de 24,8%, contra 45,3% nos EUA.
Embora seja muito maior, o sistema bancário brasileiro oferece um volume de crédito em relação ao PIB parecido ao de países como Argentina e México.
Outro indicador negativo dos bancos brasileiros analisado por Belaisch é a baixa eficiência: apesar da alta lucratividade, as despesas operacionais equivalem a 90% da receita operacional, percentual 30% mais alto que a dos bancos de outros países latino-americanos.
Incertezas macroeconômicas e o elevado risco de crédito também são, para Belaisch, causas do baixo grau de intermediação e eficiência dos bancos brasileiros. Às 21h de ontem, um assessor da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) disse à Folha que, naquele momento, seria impossível comentar o estudo do Fundo.


Texto Anterior: Luís Nassif: Preparando o segundo tempo
Próximo Texto: Recall da privatização: Teles terão de cumprir meta de competição nos novos contratos
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.