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O PAPEL DOS BANCOS
Sistema financeiro do país oferece pouco crédito e apresenta baixa eficiência, diz estudo do Fundo
FMI critica concentração bancária no Brasil
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os bancos no Brasil são pouco
competitivos e funcionam como
um oligopólio em que poucas instituições controlam o mercado.
Essa é uma das principais conclusões de um relatório divulgado
ontem à noite pelo FMI (Fundo
Monetário Internacional) segundo o qual o sistema financeiro do
país oferece pouco crédito e apresenta baixa eficiência.
O documento, escrito por Agnès Belaisch, técnica do Departamento do Hemisfério Ocidental
do organismo, diz que o sistema
bancário brasileiro deixa a desejar
em relação à intermediação -
atividade pela qual as instituições
direcionam recursos de depósitos
para empréstimos. Diz ainda que
grandes bancos, com mais de R$ 5
bilhões de ativos, têm mais recursos aplicados em títulos do que
em operações de crédito.
Segundo o documento, existem
evidências "empíricas" de que "os
bancos brasileiros se comportam
de forma oligopolista".
"A imagem que emerge no Brasil é de um sistema financeiro onde o papel tradicional de banco
como intermediário de poupanças, coletando depósitos para estender o crédito, não predomina.
Bancos são um operador significativo dos mercados de capitais,
onde investem em títulos como
uma forma principal de negócio",
diz trecho do documento.
A autora cita as brutais diferenças do Brasil em comparação a
outros países. Mostra que o sistema financeiro brasileiro tem um
percentual de ativos totais em relação ao PIB (Produto Interno
Bruto) de 77,1%, bem próximo ao
dos Estados Unidos (77,3%). Mas,
quando se trata de volume de crédito, o cenário é bem diferente: o
percentual de empréstimos em
relação ao PIB no Brasil é de
24,8%, contra 45,3% nos EUA.
Embora seja muito maior, o sistema bancário brasileiro oferece
um volume de crédito em relação
ao PIB parecido ao de países como Argentina e México.
Outro indicador negativo dos
bancos brasileiros analisado por
Belaisch é a baixa eficiência: apesar da alta lucratividade, as despesas operacionais equivalem a 90%
da receita operacional, percentual
30% mais alto que a dos bancos de
outros países latino-americanos.
Incertezas macroeconômicas e
o elevado risco de crédito também são, para Belaisch, causas do
baixo grau de intermediação e eficiência dos bancos brasileiros. Às
21h de ontem, um assessor da Febraban (Federação Brasileira dos
Bancos) disse à Folha que, naquele momento, seria impossível comentar o estudo do Fundo.
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