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São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

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INTEGRAÇÃO

Lagos reconhece avanço político, mas pede maior participação para aproximação regional

Chile cobra realismo dos países do Mercosul

Norberto Duarte/France Presse
Kirchner, presidente da Argentina, Lula e o venezuelano Hugo Chávez, durante encontro ontem


DO ENVIADO A ASSUNÇÃO

O presidente chileno Ricardo Lagos introduziu uma nota de realismo à celebração do sonho de um mercado comum entre os países do Mercosul, ao chamar seus colegas para uma conversa a sós, destinada a "abrir os corações", no dizer do mandatário chileno.
Eles se reuniram separadamente e ouviram Lagos dizer que, se era para ser sério em relação ao aprofundamento da integração sub-regional, não poderia haver, por exemplo, ausências nas reuniões dos ministros de Economia. É nelas que se discute a coordenação de políticas macroeconômicas, passo preliminar fundamental para que se possa chegar eventualmente a uma moeda comum.
Lagos não precisou dizer, mas um dos ministros que faltaram à reunião, realizada na segunda-feira, foi o brasileiro Antonio Palocci Filho, representado pelo seu assessor para assuntos internacionais, Otaviano Canuto.
Apesar da chamada de atenção, Lagos seguiu a onda geral de reconhecer que um novo ambiente político se criou na região, que ele caracterizou como uma conjunção rara de forças de centro-esquerda no poder. É alusão a ele próprio, a Luiz Inácio Lula da Silva e a Néstor Kirchner.
O tema "ambiente político" frequentou também o discurso oficial de Lula, na sessão plenária. Depois de lembrar que o Mercosul fora tratado como prioridade nas recentes campanhas eleitorais de Brasil, Paraguai e Argentina, afirmou: "Está em gestação um novo ambiente político, muito mais propício à retomada dos esforços de integração regional."
Lula propôs "um programa de trabalho com metas claras" para chegar, primeiro, ao aperfeiçoamento da união aduaneira, o estágio, embora imperfeito, em que está o Mercosul, e, em seguida, ao mercado comum, o pico do processo de integração. Trata-se do "Objetivo 2006", o rótulo que a diplomacia brasileira criou para a nova etapa do Mercosul.
Nas palavras de Lula, trata-se de "retomar os passos necessários para consolidar o Mercosul como união aduaneira, em que nossos produtos encontrem mercados sem restrições, e caminhar para a construção de um verdadeiro mercado comum, espaço ampliado de prosperidade para nossas populações".
Além de medidas na área técnica, o presidente brasileiro defendeu a criação de um "Parlamento do Mercosul, eleito pelo voto direto", e "estreitar a colaboração em projetos sociais entre os governos da região, em cujas sociedades a fome, a pobreza e a deterioração social representam um problema comum". (CLÓVIS ROSSI)


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