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São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

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Controle do câmbio engessava poder do BC

DA REPORTAGEM LOCAL

O Plano Real não inaugurou a era dos juros altos no Brasil -as taxas já eram altas antes do seu lançamento. No início do plano, o governo nem sequer tinha controle total e autônomo dos juros.
Quando o governo lançou o Real, R$ 1 valia um dólar. Para manter esta cotação, o Banco Central precisava ter reservas em dólares porque as pessoas só acreditariam que o real tinha aquele valor em dólares se soubessem que, se fossem vender reais ao Banco Central, ele teria dólares para comprá-los à cotação oficial.
Para atrair capital estrangeiro e manter as reservas altas, o Banco Central era obrigado a manter as taxas de juros em níveis altos.
O nível da taxa de juros estava sujeita aos humores dos especuladores. Se havia dinheiro no mercado internacional, os juros caiam. Caso contrário, tinham que subir para atrair investidores.
"Isso é o que os economistas chamam de trindade impossível. Você não pode ao mesmo tempo controlar o câmbio, ter livre movimentação de capitais e controlar os juros. No nosso caso, o câmbio era controlado e os juros tinham que oscilar diariamente para defender as reservas do BC", diz Carlos Da Costa da Ibmec.
O câmbio valorizado e a concorrência internacional ajudavam o governo a conter a inflação: acuadas pela concorrência externa, as empresas não reajustavam preços. A estratégia de controlar a inflação com câmbio valorizado funcionou até 1999. Com as crises da Rússia e da Ásia, secaram os recursos disponíveis para países emergentes. O BC perdeu a capacidade de atrair os dólares para manter a cotação do real. (MB)


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