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Controle do câmbio engessava poder do BC
DA REPORTAGEM LOCAL
O Plano Real não inaugurou a
era dos juros altos no Brasil -as
taxas já eram altas antes do seu
lançamento. No início do plano, o
governo nem sequer tinha controle total e autônomo dos juros.
Quando o governo lançou o
Real, R$ 1 valia um dólar. Para
manter esta cotação, o Banco
Central precisava ter reservas em
dólares porque as pessoas só acreditariam que o real tinha aquele
valor em dólares se soubessem
que, se fossem vender reais ao
Banco Central, ele teria dólares
para comprá-los à cotação oficial.
Para atrair capital estrangeiro e
manter as reservas altas, o Banco
Central era obrigado a manter as
taxas de juros em níveis altos.
O nível da taxa de juros estava
sujeita aos humores dos especuladores. Se havia dinheiro no mercado internacional, os juros
caiam. Caso contrário, tinham
que subir para atrair investidores.
"Isso é o que os economistas
chamam de trindade impossível.
Você não pode ao mesmo tempo
controlar o câmbio, ter livre movimentação de capitais e controlar os juros. No nosso caso, o câmbio era controlado e os juros tinham que oscilar diariamente para defender as reservas do BC",
diz Carlos Da Costa da Ibmec.
O câmbio valorizado e a concorrência internacional ajudavam o
governo a conter a inflação: acuadas pela concorrência externa, as
empresas não reajustavam preços. A estratégia de controlar a inflação com câmbio valorizado
funcionou até 1999. Com as crises
da Rússia e da Ásia, secaram os recursos disponíveis para países
emergentes. O BC perdeu a capacidade de atrair os dólares para
manter a cotação do real.
(MB)
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