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Taxa alta é meio para
obter meta da inflação
DA REPORTAGEM LOCAL
As taxas de juros transformaram-se, em 1999, na única arma
usada pelo governo para controlar a inflação. A avaliação de que a
inflação pode "voltar a qualquer
momento" também fez com que a
taxa de juros se tornasse o principal instrumento da política econômica brasileira.
Em 1999, quando teve que abandonar o controle de câmbio e desvalorizar o real, o governo decidiu
adotar o sistema de metas de inflação: o governo determina uma
meta para a taxa de inflação e o
Banco Central tem que garantir
que ela será atingida.
Como atingir a meta? Como
não existe controle de preços, a
única maneira de evitar que eles
subam, caso esta seja a tendência,
é fazendo a economia crescer menos ou encolher.
Para isso, o BC altera a quantidade de dinheiro e de crédito disponíveis e, mais importante, controla o preço do dinheiro, tornando os empréstimos mais caros.
O BC faz isso subindo a taxa de
juros. Os juros sobem, o crédito
encolhe, as empresas investem
menos, os salários caem ou ficam
estagnados. O consumo cai e,
com a baixa procura por produtos, os preços deixam de subir.
O debate sobre a política de juros esquenta justamente porque
os juros só controlam a inflação
dessa forma indireta: abatendo
primeiro a economia.
"Como técnico, a única opção
que um banqueiro central tem é
elevar os juros quando necessário. O Brasil optou, politicamente,
por adotar uma meta de inflação.
Os juros são apenas o meio de
atingi-la", diz Carlos Da Costa,
professor da faculdade Ibmec.
A política tem custos e isso, lembra Da Costa, gera o debate.
Quanto menor a inflação desejada, maior o aperto que o BC tem
que dar nos juros. Quando o governo decide que os juros serão
maiores, está decidindo, indiretamente, que o país crescerá menos
do que poderia crescer se aceitasse uma taxa de inflação um pouco
maior. "Não devemos discutir a
necessidade de politizar os juros,
mas qual é o preço, em termos de
crescimento econômico, que queremos pagar para ter inflação
mais baixa", diz Da Costa.
(MB)
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