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São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

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Taxa alta é meio para obter meta da inflação

DA REPORTAGEM LOCAL

As taxas de juros transformaram-se, em 1999, na única arma usada pelo governo para controlar a inflação. A avaliação de que a inflação pode "voltar a qualquer momento" também fez com que a taxa de juros se tornasse o principal instrumento da política econômica brasileira.
Em 1999, quando teve que abandonar o controle de câmbio e desvalorizar o real, o governo decidiu adotar o sistema de metas de inflação: o governo determina uma meta para a taxa de inflação e o Banco Central tem que garantir que ela será atingida.
Como atingir a meta? Como não existe controle de preços, a única maneira de evitar que eles subam, caso esta seja a tendência, é fazendo a economia crescer menos ou encolher.
Para isso, o BC altera a quantidade de dinheiro e de crédito disponíveis e, mais importante, controla o preço do dinheiro, tornando os empréstimos mais caros.
O BC faz isso subindo a taxa de juros. Os juros sobem, o crédito encolhe, as empresas investem menos, os salários caem ou ficam estagnados. O consumo cai e, com a baixa procura por produtos, os preços deixam de subir.
O debate sobre a política de juros esquenta justamente porque os juros só controlam a inflação dessa forma indireta: abatendo primeiro a economia.
"Como técnico, a única opção que um banqueiro central tem é elevar os juros quando necessário. O Brasil optou, politicamente, por adotar uma meta de inflação. Os juros são apenas o meio de atingi-la", diz Carlos Da Costa, professor da faculdade Ibmec.
A política tem custos e isso, lembra Da Costa, gera o debate. Quanto menor a inflação desejada, maior o aperto que o BC tem que dar nos juros. Quando o governo decide que os juros serão maiores, está decidindo, indiretamente, que o país crescerá menos do que poderia crescer se aceitasse uma taxa de inflação um pouco maior. "Não devemos discutir a necessidade de politizar os juros, mas qual é o preço, em termos de crescimento econômico, que queremos pagar para ter inflação mais baixa", diz Da Costa. (MB)


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