São Paulo, Sábado, 19 de Junho de 1999
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INTEGRAÇÃO
Estratégia é concordar em esperar até 2003 para negociar liberalização agrícola
Mercosul tenta contornar veto francês

DENISE CHRISPIM MARIN
da Sucursal de Brasília

O Mercosul concorda em esperar até 2003 para negociar a liberalização do comércio agrícola nas discussões com a União Européia sobre a formação de uma área de livre comércio entre os dois blocos.
Essa decisão poderá inverter o veto da França ao início das negociações na próxima segunda-feira, quando o Conselho de Ministros da UE retomará a questão.
O Mercosul pretende ver as negociações lançadas durante a Reunião Cimeira da América Latina, Caribe e União Européia, que ocorre nos próximos dias 28 e 29 no Rio. O final será em 2005.
Essa decisão ainda deverá garantir ao Mercosul concessões da UE na área agrícola mais favoráveis do que aquelas que os europeus deverão fazer na Rodada do Milênio da OMC (Organização Mundial do Comércio), que termina em 2003.
"Essa perspectiva é real", afirmou ontem o embaixador José Alfredo Graça Lima, subsecretário-geral de Assuntos de Integração, Econômicos e de Comércio Exterior do Itamaraty.
A vantagem de esperar pelo fim da Rodada do Milênio antes de colocar o tema agrícola na mesa de negociações entre os dois blocos está no fato de que, no âmbito da OMC, a UE terá de enfrentar opositores mais fortes.
Tanto os Estados Unidos quanto o Japão e a Coréia também são interessados na redução do grau de proteção e de subsídios à agricultura da UE. Essa discussão, explica Graça Lima, havia terminado com "avanços modestos" na Rodada Uruguai (1986-1993) da OMC.
Segundo Graça Lima, o Mercosul vai privilegiar as negociações da Rodada do Milênio. As concessões a serem feitas na rodada serão multilaterais e o Brasil, particularmente, quer manter seu comércio com mercados diversificados. Além disso, as concessões multilaterais são menores, em geral, do que aquelas fechadas em um acordo de livre comércio.
Graça Lima negou que as negociações levem a um segundo choque de liberalização do comércio, sem que se recebam concessões.


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