São Paulo, Sábado, 19 de Junho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

INCENTIVO
Programa apoiará a compra de bens e serviços no país; recursos poderão atingir valor de US$ 2 bilhões anuais
BNDES financiará empresas de petróleo

Patrícia Santos - 26.mai.99/Folha Imagem
O presidente do BNDES, José Pio Borges, que anunciou o programa de apoio a investimentos em petróleo


ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou ontem o Progap (Programa de Apoio a Investimentos em Petróleo e Gás), que prevê até 100% de financiamento para a compra de bens e serviços locais por parte das empresas privadas instaladas no país.
"Vamos antecipar investimentos que estão para acontecer. O objetivo é maximizar o uso de fornecedores locais", disse o presidente do banco, José Pio Borges, que compara o Progap ao programa de incentivos lançado pelo BNDES para telecomunicações.
O Progap não tem restrição de recursos, segundo o BNDES, e poderá atingir um desembolso anual de US$ 2 bilhões, "se for alta a participação da indústria nacional (no plano dos investidores)", disse Borges.
O BNDES calcula que, com a entrada de dez gigantes multinacionais no setor, que adquiriram esta semana concessões para explorar áreas de petróleo no país, os investimentos em petróleo e gás chegarão a US$ 40 bilhões nos próximos cinco anos, incluindo os investimentos da Petrobrás.

Limite
O financiamento do BNDES para bens e serviços ficará limitado a 80% do valor do projeto total, e o risco da operação será compartilhado com outros agentes financeiros.
O banco estará oferecendo essas condições especiais pelos próximos quatro anos, mas os desembolsos aprovados poderão se estender.
A Petrobras só será atendida pelo programa de apoio se for minoritária em associações, por se tratar de empresa pública.
"O Progap é semelhante ao que foi feito, no passado, em países como o Reino Unido e a Noruega, para estimular a indústria nacional", afirmou Pio Borges.
Além de projetos para o desenvolvimento da produção de campos de petróleo e gás natural, o que poderá "excepcionalmente" englobar exploração, segundo o BNDES, são financiáveis a construção de refinarias, compra de plataformas, modernização de estaleiros, construção e modernização de embarcações, fabricação de equipamentos, peças e componentes etc.

Estímulo
Pio Borges citou como exemplo de projetos financiáveis a expansão da rede de dutos da Comgás para distribuição no Estado de São Paulo e uma termelétrica do Espírito Santo na qual a Petrobras terá 10% de participação, em parceria com outras empresas, entre elas a Escelsa.
O presidente do BNDES disse que multinacionais instaladas no Brasil, apesar de terem amplo acesso a crédito barato no mercado internacional -o que poderiam buscar para comprar equipamento estrangeiro-, também serão estimuladas a usar o programa de apoio.
"A empresa montada no Brasil não é obrigada a carregar esse endividamento no balanço dela lá fora. É um incentivo muito grande não ter que recorrer à sede. Por isso oferecemos as mesmas condições internacionais no nosso crédito, para incentivar a compra de equipamento nacional."


Texto Anterior: Saúde cancela registros
Próximo Texto: Ex-dono da Encol vai à CPI dos Bancos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.