São Paulo, Sábado, 19 de Junho de 1999
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Balanço do plano é positivo, avalia Fiesp

RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local

Se os cinco anos de Plano Real provocaram fortes variações na renda dos trabalhadores, para a indústria a mudança foi ainda mais radical. As fábricas ganharam um contingente extra de 20 milhões a 30 milhões de consumidores, beneficiados pelo controle da inflação e pelo aumento de renda.
Ao mesmo tempo, uma combinação de abertura comercial com supervalorização da moeda expuseram a indústria a uma forte competição externa. Para o empresário Roberto Faldini, diretor do departamento de economia da Fiesp, o balanço é positivo.
"O Plano Real mostrou que o Brasil é um país viável e que merece a atenção da comunidade internacional", diz Faldini. "A indústria hoje tem um padrão de competitividade internacional, embora faltem reformas estruturais para o país realizar o seu potencial."
O presidente da Sociedade Rural Brasileira, Luiz Hafers, acha que o plano também foi benéfico para os produtores agrícolas. "O consumo de praticamente todos os produtos agrícolas melhorou", diz Hafers.
O presidente da SRB também aponta como conquista uma mudança na mentalidade dos fazendeiros brasileiros. "No tempo da inflação alta, todos se preocupavam com os preços, mas agora a questão é reduzir os custos para ganhar competitividade", diz Hafers.
Para ele, faltam algumas mudanças para permitir que a agricultura se desenvolva mais rapidamente, como aumentar o crédito e combater as barreiras tarifárias contra produtos brasileiros no exterior.
Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vicentinho, o plano conseguiu controlar a inflação, mas isso não é suficiente, principalmente porque o desemprego aumentou muito.
"Os ganhos na economia hoje estão concentrados na aplicação financeira", diz Vicentinho. "Precisamos incentivar as pequenas e médias empresas e a agricultura."
Vicentinho defende um controle das importações, mas diz que não se trata de reativar o protecionismo econômico. "Todos os países controlam de alguma forma as importações para privilegiar a produção nacional", diz o sindicalista.
Para Vicentinho, o governo deveria reativar os acordos setoriais, como o que foi realizado com os sindicatos e a indústria automobilística em 1992. "Precisamos discutir a base industrial e o papel dos bancos para a economia voltar a crescer", diz Vicentinho.


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