|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Balanço do plano é positivo, avalia Fiesp
RICARDO GRINBAUM
da Reportagem Local
Se os cinco anos de Plano Real
provocaram fortes variações na
renda dos trabalhadores, para a indústria a mudança foi ainda mais
radical. As fábricas ganharam um
contingente extra de 20 milhões a
30 milhões de consumidores, beneficiados pelo controle da inflação e pelo aumento de renda.
Ao mesmo tempo, uma combinação de abertura comercial com
supervalorização da moeda expuseram a indústria a uma forte competição externa. Para o empresário
Roberto Faldini, diretor do departamento de economia da Fiesp, o
balanço é positivo.
"O Plano Real mostrou que o
Brasil é um país viável e que merece a atenção da comunidade internacional", diz Faldini. "A indústria
hoje tem um padrão de competitividade internacional, embora faltem reformas estruturais para o
país realizar o seu potencial."
O presidente da Sociedade Rural
Brasileira, Luiz Hafers, acha que o
plano também foi benéfico para os
produtores agrícolas. "O consumo
de praticamente todos os produtos
agrícolas melhorou", diz Hafers.
O presidente da SRB também
aponta como conquista uma mudança na mentalidade dos fazendeiros brasileiros. "No tempo da
inflação alta, todos se preocupavam com os preços, mas agora a
questão é reduzir os custos para
ganhar competitividade", diz Hafers.
Para ele, faltam algumas mudanças para permitir que a agricultura
se desenvolva mais rapidamente,
como aumentar o crédito e combater as barreiras tarifárias contra
produtos brasileiros no exterior.
Para o presidente da Central
Única dos Trabalhadores (CUT),
Vicentinho, o plano conseguiu
controlar a inflação, mas isso não é
suficiente, principalmente porque
o desemprego aumentou muito.
"Os ganhos na economia hoje estão concentrados na aplicação financeira", diz Vicentinho. "Precisamos incentivar as pequenas e
médias empresas e a agricultura."
Vicentinho defende um controle
das importações, mas diz que não
se trata de reativar o protecionismo econômico. "Todos os países
controlam de alguma forma as importações para privilegiar a produção nacional", diz o sindicalista.
Para Vicentinho, o governo deveria reativar os acordos setoriais,
como o que foi realizado com os
sindicatos e a indústria automobilística em 1992. "Precisamos discutir a base industrial e o papel dos
bancos para a economia voltar a
crescer", diz Vicentinho.
Texto Anterior: Trabalhadores começam a perder renda Próximo Texto: Juro é o menor da gestão FHC Índice
|