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TELECOMUNICAÇÕES
Tele quer direito de operar para a TIM, negado pela lei brasileira
Telecom Itália pressiona a Anatel
ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A ROMA
O presidente do grupo Telecom
Italia, Marco Tronchetti Provera,
afirmou, ontem, em Roma, que
negocia com a Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações) e
com o grupo Opportunity uma
saída para o impasse da TIM (Telecom Italia Mobile) no Brasil.
A TIM é uma subsidiária da Telecom Italia. No ano passado, a
empresa pagou R$ 1,9 bilhão em
licenças para explorar o serviço
celular com a tecnologia européia
GSM, em todo o país. Toda a infra-estrutura está pronta, mas ela
não pode entrar em operação
porque a Brasil Telecom, da qual a
Telecom é acionista, não antecipou o cumprimento das metas de
expansão de telefonia fixa.
Provera, o presidente da Telecom Italia, não forneceu detalhes
sobre os termos de negociação
com o grupo Opportunity (que
administra a Brasil Telecom) e
com a Anatel, mas disse esperar
uma solução para as próximas semanas ou meses.
Posição da Anatel
Ontem, em Brasília, o presidente da Anatel, Luiz Guilherme
Schymura de Oliveira, reafirmou
que a TIM não pode explorar as licenças de SMP (Serviço Móvel
Pessoal) por fazer parte do bloco
de controle da Brasil Telecom,
que é concessionária de telefonia
fixa nas regiões Sul, Centro-Oeste
e em parte da região Norte.
Schymura afirmou que a Anatel
tem posição clara em relação ao
impedimento da TIM, uma vez
que o edital de venda das licenças
das bandas C, D e E de telefonia
celular definiu que as empresas de
telefonia fixa e seus acionistas
apenas poderiam explorar as novas licenças se antecipassem o
cumprimento das metas de expansão de serviços previstas para
dezembro de 2003.
Recado
Em entrevista à imprensa internacional, Tronchetti Provera disse que espera uma solução antes
de a Brasil Telecom antecipar o
cumprimento das metas e aproveitou a ocasião para mandar um
recado para a Anatel.
"A TIM é uma empresa estratégica para o Brasil. A presença da
Telecom Italia em âmbito nacional pode impulsionar a competição na telefonia celular" , afirmou
o executivo.
Uma das soluções para a TIM
seria o afastamento da Telecom
Italia do bloco de controle da Brasil Telecom. O grupo italiano tem
38% do capital com direito a voto
da holding que controla a operadora brasileira.
Questionado se a empresa cogita vender as ações da Brasil Telecom para o Opportunity, o executivo italiano afirmou que quer
continuar na tele, mas não descartou a hipótese de venda. "Estamos
conversando. Esperamos começar a operar (as novas licenças de
celular) o mais rápido possível",
afirmou, sem explicar as alternativas em discussão.
O presidente da Telecom Italia
fez um paralelo entre o Brasil e a
Turquia na estratégia internacional do grupo. Disse que os dois
países atravessam crise, mas são
fundamentais para o futuro da
TIM: a Turquia por estar na Europa e o Brasil por ser um grande
mercado.
"Apesar da crise que atravessa,
as oportunidades no Brasil são
muito grandes", afirmou. A partir
do Brasil, segundo ele, o grupo
pretende construir uma rede pan-americana de telefonia celular na
América Latina com a tecnologia
européia GSM.
A TIM já explora quatro concessões de telefonia celular no Brasil,
com 4,7 milhões de clientes atendidos com a tecnologia norte-americana TDMA. Com as novas
licenças que adquiriu, o grupo
anunciou que fará, futuramente, a
migração de seus sistemas TDMA
para o GSM.
Embratel
Tronchetti Provera negou os rumores de que estaria negociando
a compra da participação da
WorldCom na Embratel. "Não há
nenhuma negociação em curso
com a WorldComm", afirmou.
Enquanto a Telecom Italia fizer
parte do controle da Brasil Telecom, ela não pode, pelas regras
brasileiras, comprar o controle de
outra concessionária do serviço
fixo, no caso, a Embratel. No entanto, o caminho ficaria livre se
ela vendesse as ações da tele fixa.
A repórter Elvira Lobato viajou a Roma a
convite da Telecom Italia
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