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POLÍTICA REGIONAL
Para o secretário Otaviano Canuto, projeto não deve sair do papel até o prazo estabelecido, em 2005
Fazenda vê 45% de chance da Alca fracassar
DA SUCURSAL DO RIO
O secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Otaviano Canuto, disse ontem
que o projeto de criação da Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas) tem 45% de chance de
fracassar -e 40% de possibilidade de fracassar totalmente.
Para Canuto, há 45% de chance
de que em 2005, de acordo com o
cronograma estabelecido, seja
criada uma "Alca pragmática",
com avanços limitados, e apenas
10% de possibilidade de que se alcance um acordo mais amplo.
Canuto disse que a falta de
avanços na reunião de vice-ministros de Relações Exteriores dos
34 países das Américas, realizada
na semana passada, em El Salvador, fez com que, na sua análise,
se reduzissem em cinco pontos
percentuais as chances de criação
da "Alca pragmática".
O secretário definiu a "Alca
pragmática" como um acordo no
qual os 34 países (todos da América, com exceção de Cuba) avancem substancialmente na redução
de barreiras tarifárias e não-tarifárias às exportações intra-regionais de produtos industrializados,
semi-industrializados e agrícolas.
Nesse cenário, Canuto imagina
que poderia haver também avanços parciais em aspectos mais polêmicos, como exportações de
serviços e os investimentos. Na
prática, seria uma primeira etapa
do que poderia vir a ser uma Alca
no futuro.
Sempre ressaltando falar em
nome da Fazenda -segundo ele,
quem pode falar sobre o assunto
em nome do Brasil são Lula e o
ministro das Relações Exteriores,
Celso Amorim-, Canuto disse
que a concretização da Alca é importante para o Brasil.
Ele disse também que as agendas do Mercosul e da integração
física da América do Sul não são
excludentes com o projeto de integração continental. As declarações foram feitas em palestra na
Câmara de Comércio Americana
do Rio.
No caso de fracasso geral das
negociações, Canuto disse que a
tendência dos países seria uma regressão, definida por ele como
"uma proliferação de acordos bilaterais".
Canuto admitiu que há uma divisão na sociedade brasileira em
relação à criação da Alca e que isso é levado em conta pelo governo. Para ele, há muito desconhecimento no país sobre o que venha
a ser o acordo.
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