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CIDADANIA
Segundo pesquisa da USP, as multinacionais participam mais do que as companhias brasileiras
56% das empresas têm atuação social
ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local
Uma pesquisa inédita sobre cidadania empresarial revela que
56% das empresas em operação
no Brasil têm investido em programas e atividades de cunho social ou comunitário e na promoção do voluntariado entre os seus
funcionários.
Realizado pelo Ceats/USP (Centro de Estudos em Administração
do Terceiro Setor, da Universidade de São Paulo), a pedido do Programa Voluntários do Conselho
da Comunidade Solidária, o estudo desfaz o mito de que as empresas brasileiras tratam com negligência sua atuação social.
A pesquisa, que ouviu 273 empresas de grande, médio e pequeno porte em nove Estados brasileiros e no Distrito Federal, revela
ainda que 48% das empresas
apoiam a atuação de seus funcionários como voluntários em projetos sociais.
Surpresa
Rosa Maria Fischer, do Ceats/
USP, diz que o "surpreendente"
resultado da pesquisa indica que
as empresas perceberam que
"não podem mais se fechar dentro de seus muros".
"As empresas entenderam que
têm responsabilidade em relação
à sociedade civil e à comunidade
vizinha. Não basta mais cuidar
apenas dos seus funcionários e da
produção", afirma.
Mas, acrescenta a pesquisadora,
o fato de 43% das empresas declararem não fazer nada na área social indica que ainda há muito espaço para a ampliação dessa atuação no ambiente empresarial.
Mónica Corullón, coordenadora do Programa Voluntários do
Conselho da Comunidade Solidária, afirma que esperava um índice muito mais baixo de responsabilidade social das empresas.
"Foi surpreendente saber que
mais da metade das empresas
pesquisadas tem alguma ação, especialmente de assistência a
crianças e adolescentes carentes e
na área de educação."
Uma outra surpresa, diz Mónica Corullón, foi o apoio de 17%
das empresas entrevistadas às
ações voluntárias de seus funcionários durante o horário regular
de trabalho.
Multinacionais
As empresas privadas nacionais
e multinacionais mostraram um
comportamento diferenciado das
organizações públicas: 61% das
multinacionais e 56% das nacionais afirmam atuar na área social,
contra 42% das públicas.
Rebecca Raposo, diretora executiva do Gife (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), organização sem fins lucrativos de
promoção da cidadania empresarial que apoiou a pesquisa, diz que
a maior contribuição da pesquisa
foi desfazer o mito de que as empresas brasileiras estão desatentas
à questão da responsabilidade social dos empresários.
"Embora a atuação social não
seja uma conduta normal de todas as empresas, embora não tenha uma incidência mais elevada
no país, como seria o desejado, a
pesquisa mostra que a maioria
das empresas está atenta a essa
questão", diz.
Bem-estar social
Rebecca Raposo atribui o aumento da consciência social das
empresas no país a três fatores.
O primeiro é o desejo dos empresários de produzir bem-estar
social e não apenas bens e serviços para a população.
Em segundo vem o uso dos impostos, por meio de incentivos fiscais, em projetos específicos, em
vez de destiná-los diretamente ao
governo.
O terceiro fator é a percepção
crescente de que a "empresa-cidadã" atrai a fidelidade de seus
colaboradores e consumidores.
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