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Para analistas, BC não deve baixar os juros
DA REPORTAGEM LOCAL
Para economistas ouvidos pela
Folha, mesmo que a desaceleração da economia brasileira seja
tão forte quanto o dado divulgado
na semana passada pelo IBGE faz
supor, o Banco Central não deve
diminuir a taxa de juros nesta,
quando se reúne o Comitê de Política Monetária (Copom).
Na avaliação da maioria, as incertezas do cenário externo, principalmente quanto ao desfecho da
crise argentina, exige que o BC seja cauteloso e que mantenha a taxa de juros nos atuais 19% ao ano.
"A preocupação central do BC
será o câmbio", diz Eduardo Freitas, economista-chefe do Unibanco, referindo-se à preocupação do
BC, mencionada em todas as últimas atas das reuniões do Copom,
em evitar que a alta do dólar seja
repassada aos preços e, assim,
comprometa a meta de inflação
de 2002, de 3,5%.
O economista Carlos Kawall, do
Citibank, projetava uma alta de
juros na reunião desta semana.
Agora, Kawall avalia que a tendência é de manutenção dos juros
no patamar atual. "A inflação e o
cenário argentino continuam incomodando", diz.
Ele lembra ainda que uma redução dos juros na próxima reunião
do Copom pode, inclusive, comprometer a credibilidade da política monetária já que, se ocorresse
um choque na Argentina com reflexos no Brasil, o BC acabaria
tendo que elevar os juros novamente. "A política monetária não
pode ser errática", diz.
O economista Odair Abate, do
Lloyds TSB, concorda. Ele avalia
que a queda no nível de atividade
deve abrir campo para a redução
dos juros, já que haverá menos espaço para repasse de preços. Mas
sua previsão é que isso não deve
ocorrer nesta reunião.
"Os juros devem ficar estáveis,
pois o problema da Argentina
ainda preocupa", diz Abate, lembrando também, como Kawall,
que a política monetária não pode
ser precipitada, à custa de comprometer a credibilidade do BC.
"Os movimentos de juros devem ocorrer em ciclos. Nós começamos um ciclo de alta em março.
Podemos começar um ciclo de
baixa, que é necessário, mas não
agora", diz Abate, lembrando o
risco de que um aprofundamento
da crise na Argentina obrigue o
BC a elevar os juros pouco depois
de ter promovido sua redução.
Antônio Corrêa de Lacerda,
economista da PUC-SP,também
não acredita em redução dos juros nesta reunião do Copom. Lacerda lembra que a economia brasileira tem uma vulnerabilidade
externa muito grande e que precisa evitar o risco de que uma taxa
de juros real muito baixa, no limite, cause a fuga para o dólar num
ambiente de muita incerteza. "A
vulnerabilidade externa acaba
criando um piso para os juros."
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