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São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2003

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Armínio faz defesa da intervenção no câmbio

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-presidente do BC (Banco Central) Armínio Fraga defendeu ontem a intervenção da autoridade monetária no mercado de câmbio, em uma afirmação que contraria a retórica do governo atual, marcada por declarações favoráveis à liberdade cambial.
"Não faz sentido para o Banco Central, especialmente em um mercado emergente, falar "nunca vou intervir no mercado de câmbio". Faz sentido ter algum espaço para a intervenção", afirmou Fraga, durante palestra em seminário sobre metas de inflação promovido pelo Ibmec Educacional.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci Filho, e o presidente do BC, Henrique Meirelles, já deram declarações contrárias a esse tipo de intervenção. Apesar disso, a autoridade monetária acabou influindo na cotação da moeda em maio, ao não rolar toda a dívida pública denominada em dólar, o que provocou alta da moeda.
Fraga evitou comentar sobre a reunião do Copom, mas defendeu que o Brasil tome as medidas necessárias para ter juros reais de 5%, taxa compatível com o status de país "normal". A taxa básica de juros está em 24,5%. Descontada a expectativa de inflação para os próximos 12 meses, o resultado é uma taxa real de 18%.
O economista Affonso Celso Pastore, também ex-presidente do BC, afirmou que a redução da taxa real de juros para níveis razoáveis é limitada pelo alto risco-país do Brasil. A taxa está em 770 pontos base, em comparação a 230 do México. Na opinião dele, o risco-país só vai cair se o Brasil reduzir a relação dívida/ PIB, que hoje é próxima de 50%, e melhorar a relação entre o tamanho da dívida bruta externa e o valor das exportações. Atualmente, a dívida é 3,5 vezes maior que as vendas do Brasil para o exterior.
O único caminho para reduzir a relação dívida/PIB, disse Pastore, é a realização de expressivos superávits primários, que é a quantidade de dinheiro que o governo consegue economizar para pagar a dívida. Já a melhor relação dívida/exportações seria obtida com maior abertura comercial.


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