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Armínio faz defesa da intervenção no câmbio
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-presidente do BC (Banco
Central) Armínio Fraga defendeu
ontem a intervenção da autoridade monetária no mercado de
câmbio, em uma afirmação que
contraria a retórica do governo
atual, marcada por declarações
favoráveis à liberdade cambial.
"Não faz sentido para o Banco
Central, especialmente em um
mercado emergente, falar "nunca
vou intervir no mercado de câmbio". Faz sentido ter algum espaço
para a intervenção", afirmou Fraga, durante palestra em seminário
sobre metas de inflação promovido pelo Ibmec Educacional.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci Filho, e o presidente
do BC, Henrique Meirelles, já deram declarações contrárias a esse
tipo de intervenção. Apesar disso,
a autoridade monetária acabou
influindo na cotação da moeda
em maio, ao não rolar toda a dívida pública denominada em dólar,
o que provocou alta da moeda.
Fraga evitou comentar sobre a
reunião do Copom, mas defendeu
que o Brasil tome as medidas necessárias para ter juros reais de
5%, taxa compatível com o status
de país "normal". A taxa básica de
juros está em 24,5%. Descontada
a expectativa de inflação para os
próximos 12 meses, o resultado é
uma taxa real de 18%.
O economista Affonso Celso
Pastore, também ex-presidente
do BC, afirmou que a redução da
taxa real de juros para níveis razoáveis é limitada pelo alto risco-país do Brasil. A taxa está em 770
pontos base, em comparação a
230 do México. Na opinião dele, o
risco-país só vai cair se o Brasil reduzir a relação dívida/ PIB, que
hoje é próxima de 50%, e melhorar a relação entre o tamanho da
dívida bruta externa e o valor das
exportações. Atualmente, a dívida
é 3,5 vezes maior que as vendas do
Brasil para o exterior.
O único caminho para reduzir a
relação dívida/PIB, disse Pastore,
é a realização de expressivos superávits primários, que é a quantidade de dinheiro que o governo
consegue economizar para pagar
a dívida. Já a melhor relação dívida/exportações seria obtida com
maior abertura comercial.
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